VERSO 99
saṅkīrtana-yajñe tāṅre kare ārādhana
sei ta’ sumedhā, āra — kali-hata-jana
saṅkīrtana-yajñe — na execução do canto congregacional; tāṅre — a Śrī Caitanya Mahāprabhu; kare — faz; ārādhana — adoração; sei ta’ — semelhante pessoa; sumedhā — de inteligência aguçada; āra — outros; kali-hata-jana — vítimas desta era de Kali.
“Deve-se entender que qualquer pessoa que, através do canto congregacional, adore o Senhor Caitanya Mahāprabhu é muito inteligente. Aquele que não faz isso deve ser considerado uma vítima desta era, estando, assim, desprovido de toda inteligência.”
SIGNIFICADO—A proposta apresentada pelos patifes, de que qualquer pessoa pode inventar seu próprio processo religioso, é condenada nesta passagem. Se alguém quiser realmente tornar-se religioso, deverá adotar o cantar do mahā-mantra Hare Kṛṣṇa. O Śrīmad-Bhāgavatam (6.3.19-22) declara qual é o verdadeiro significado de religião.
dharmaṁ tu sākṣād-bhagavat-praṇītaṁ
na vai vidur ṛṣayo nāpi devāḥ
na siddha-mukhyā asurā manuṣyāh
kutaś ca vidyādhara-cāraṇādayaḥ
svayambhūr nāradaḥ śambhuḥ kumāraḥ kapilo manuḥ
prahlādo janako bhīṣmo balir vaiyāsakir vayam
dvādaśaite vijānīmo dharmaṁ bhāgavataṁ bhaṭāḥ
guhyaṁ viśuddhaṁ durbodhaṁ yaṁ jñātvāmṛtam aśnute
etāvān eva loke ’smin puṁsāṁ dharmaḥ paraḥ smṛtaḥ
bhakti-yogo bhagavati tan-nāma-grahaṇādibhiḥ
Esses versos dizem que dharma, ou religião, não é algo que um ser humano pode inventar. Religião consiste na lei ou código do Senhor. Logo, nem mesmo grandes santos, semideuses ou siddha-mukhyas – isto para não falar dos asuras, seres humanos, Vidyādharas, Cāraṇas e assim por diante – podem inventar a religião. Os princípios de dharma, religião, são transmitidos através do sistema de paramparā, começando com doze personalidades, a saber, o senhor Brahmā, o grande santo Nārada, o senhor Śiva, os quatro Kumāras, Kapila (o filho de Devahūti), Svāyambhuva Manu, Prahlāda Mahārāja, o rei Janaka, o avô Bhīṣma, Bali Mahārāja, Śukadeva Gosvāmī e Yamarāja. Essas doze personalidades conhecem os princípios da religião. Dharma se refere aos princípios religiosos através dos quais podemos compreender a Suprema Personalidade de Deus. Dharma é algo muito confidencial, isento de qualquer contaminação da influência material, e é muito difícil que pessoas comuns o entendam. Contudo, se alguém realmente compreende o dharma, liberta-se de imediato e se transfere ao reino de Deus. Bhāgavata-dharma, ou o princípio da religião enunciado pelo sistema de paramparā, é o princípio supremo da religião. Em outras palavras, dharma refere-se à ciência de bhakti-yoga, que começa com o cantar do santo nome do Senhor por parte do principiante (tan-nāma-grahaṇādibhiḥ).
Para esta era de Kali, o Caitanya-caritāmṛta (verso 98) recomenda: kali-kāle dharma — kṛṣṇa-nāma-saṅkīrtana. Na era de Kali, o método de religião aprovado por todas as escrituras védicas é o cantar do santo nome do Senhor. Isso é ainda mais enfatizado no verso seguinte deste Caitanya-caritāmṛta, extraído do Śrīmad-Bhāgavatam (11.5.32).