VERSO 141
nahe gopī yogeśvara, pada-kamala tomāra,
dhyāna kari’ pāibe santoṣa
tomāra vākya-paripāṭī, tāra madhye kuṭināṭī,
śuni’ gopīra āro bāḍhe roṣa
nahe — não; gopī — gopīs; yogeśvara — mestres da prática de yoga místico; pada-kamala tomāra — Teus pés de lótus; dhyāna kari’ — pela meditação; pāibe santoṣa — obtemos satisfação; tomāra — Tuas; vākya — palavras; paripāṭī — muito bondosamente compostas; tāra madhye — dentro disso; kuṭināṭī — duplicidade; śuni’ — ouvindo; gopīra — das gopīs; āro — cada vez mais; bāḍhe — aumenta; roṣa — ira.
“As gopīs não são como os yogīs místicos. Elas jamais se satisfarão simplesmente por meditar em Teus pés de lótus e imitar os ditos yogīs. Ensinar às gopīs sobre meditação é mais uma espécie de duplicidade. Quando recebem a instrução de se submeterem à prática de yoga místico, elas não ficam nada satisfeitas. Pelo contrário, ficam mais zangadas conTigo.”
SIGNIFICADO—Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī afirma (Caitanya-candrāmṛta 5):
kaivalyaṁ narakāyate tridaśa-pūr ākāśa-puṣpāyate
durdāntendriya-kāla-sarpa-paṭalī protkhāta-daṁṣṭrāyate
viśvaṁ pūrṇa-sukhāyate vidhi-mahendrādiś ca kīṭāyate
yat kāruṇya-katākṣa-vaibhava-vatāṁ taṁ gauram eva stumaḥ
Para o devoto puro que tenha compreendido a consciência de Kṛṣṇa através de Śrī Caitanya Mahāprabhu, a filosofia monista pela qual alguém se torna uno com o Supremo parece infernal. A prática de yoga místico pela qual a mente é controlada e os sentidos subjugados também parece ridícula para um devoto puro. A mente e os sentidos do devoto já estão ocupados no transcendental serviço ao Senhor. Dessa maneira, removem-se os efeitos venenosos das atividades dos sentidos. Se ocuparmos a mente sempre a serviço do Senhor, não haverá possibilidade de pensarmos, sentirmos ou agirmos materialmente. De modo semelhante, o devoto não vê como sendo mais do que uma simples fantasmagoria a tentativa dos trabalhadores fruitivos de alcançar os planetas celestiais. Afinal, os planetas celestiais são materiais e, no devido curso do tempo, serão dissolvidos. Os devotos não se importam com essas coisas temporárias. Eles se ocupam em atividades devocionais transcendentais, pois desejam elevar-se ao mundo espiritual, onde podem viver eterna e pacificamente e com pleno conhecimento de Kṛṣṇa. Em Vṛndāvana, as gopīs e os vaqueirinhos, e mesmo os bezerros, vacas, árvores e água, são plenamente conscientes de Kṛṣṇa. Eles jamais se satisfazem com algo além de Kṛṣṇa.