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VERSO 142

deha-smṛti nāhi yāra,saṁsāra-kūpa kāhāṅ tāra,
tāhā haite nā cāhe uddhāra
viraha-samudra-jale,
kāma-timiṅgile gile,
gopī-gaṇe neha’ tāra pāra

deha-smṛti — conceito corpóreo de vida; nāhi — não; yāra — aquele cujo; saṁsāra-kūpa — poço escuro da vida material; kāhāṅ — onde está; tāra — dele; tāhā-haite — disso; — não; cāhe — deseja; uddhāra — liberação; viraha-samudra-jale — na água do oceano da saudade; kāma-timiṅgile — o Cupido transcendental sob a forma do peixe timiṅgila; gile — engole; gopī-gaṇe — as gopīs; neha’ — por favor, afasta; tāra pāra — de tudo isso.

Śrī Caitanya Mahāprabhu prosseguiu: “As gopīs estão mergulhadas no grande oceano da saudade, e os peixes timiṅgila, que representam a ambição delas em Te servir, estão devorando-as. As gopīs têm que ser libertas da boca desses peixes timiṅgila, pois elas são devotas puras. Como não têm nenhum conceito material de vida, por que deveriam aspirar à liberação? As gopīs não desejam a liberação, tão ambicionada pelos yogīs e jñānīs, pois já se libertaram do oceano da existência material.”

SIGNIFICADO—O conceito corpóreo decorre do desejo de gozo material. Isso se chama vipada-smṛti, que é o oposto de vida verdadeira. A entidade viva é serva eterna de Kṛṣṇa, mas, ao desejar desfrutar do mundo material, não pode progredir na vida espiritual. Jamais se pode ser feliz através do progresso material. Também se afirma isso no Śrīmad-Bhāgavatam (7.5.30): adānta-gobhir viśatāṁ tamisraṁ punaḥ punaś carvita-carvaṇānām. Por meio de sentidos descontrolados, a pessoa pode progredir em direção à condição infernal. Ela poderá continuar a mastigar o mastigado, isto é, a aceitar repetidos nascimentos e mortes. As almas condicionadas utilizam a duração de vida entre o nascimento e a morte apenas para se ocuparem nas mesmas velhas atividades – comer, dormir, acasalar-se e defender-se. Essas mesmas atividades são encontradas nas espécies animais inferiores. Como essas atividades se repetem, ocupar-se nelas é como mastigar aquilo que já foi mastigado. Se alguém consegue abandonar a ambição de ocupar-se em uma vida material vulgar e, em vez disso, adota a consciência de Kṛṣṇa, ele se libertará das estritas leis da natureza material. Ninguém precisa fazer um esforço extrínseco para libertar-se. Basta ocupar-se a serviço do Senhor e a liberação virá automaticamente. Portanto, como Śrīla Bilvamaṅgala Ṭhākura diz, muktiḥ svayaṁ mukulitāñjali sevate ’smān: “A liberação encontra-se diante de mim e, de mãos postas, oferece-me seus préstimos.”

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