TEXTO 5
A noite da estação chuvosa é escura em todo o derredor. Não se veem as estrelas cintilantes no firmamento nem a Lua confortante. Tudo fica coberto pelas nuvens. Os vaga-lumes insignificantes tornam-se preeminentes na ausência dos astros luminosos no céu aberto.
SIGNIFICADO—Assim como existem mudanças de estação dentro de um ano, existem também diferentes eras durante o período de manifestação deste cosmos. Essas eras sucessivas são denominadas yugas, ou períodos. Assim como existem três modos da natureza, existem várias eras predominadas por esses três modos. O período predominado pelo modo da bondade chama-se Satya-yuga, o período da paixão chama-se Tretā-yuga, o período da paixão misturada com a ignorância chama-se Dvāpara-yuga, e o período da escuridão e ignorância (o último período) chama-se Kali-yuga, ou a era das desavenças. A palavra kali quer dizer “desavenças”. Kali-yuga é comparada à estação chuvosa, visto que muitas dificuldades da vida são experimentadas durante essa estação úmida.
Em Kali-yuga, existe uma falta de orientação adequada. À noite, podemos nos orientar pelas estrelas e pela Lua, mas, na estação chuvosa, a luz orientadora provém de vaga-lumes insignificantes. A verdadeira luz da vida é o conhecimento védico. A Bhagavad-gītā afirma que o propósito de se estudar os Vedas é conhecer a onipotente Personalidade de Deus. Porém, nesta era de desavenças, existem discórdias até mesmo sobre a existência de Deus. Na civilização ateísta da era das desavenças, há inúmeras sociedades, comunidades e seitas religiosas, a maioria das quais tenta eliminar Deus da religião. Os vaga-lumes procuram tornar-se preeminentes na ausência do Sol e das estrelas, e esses pequenos grupos que seguem várias concepções religiosas são como vaga-lumes tentando ser preeminentes diante dos olhos da massa de gente ignorante. Existe atualmente um grande número de pseudoencarnações que as pessoas seguem sem a sanção das escrituras védicas, e existe competição regular entre o grupo de uma encarnação e o de outra.
O conhecimento védico, obedecendo a uma tradição, advém do mestre espiritual através da corrente de sucessão discipular, e deve-se adquirir o conhecimento por intermédio dessa corrente, sem quaisquer desvios. Na atual era das desavenças, a corrente tem rompimentos em diferentes partes, de modo que os Vedas são agora interpretados por homens desautorizados, que não têm nenhuma vivência e compreensão. Os falsos seguidores dos Vedas negam a existência de Deus, assim como, na escuridão de uma noite nublada, os vaga-lumes negam a existência da Lua e das estrelas. Pessoas mais sensatas não devem cair na emboscada desses homens inescrupulosos. A Bhagavad-gītā é o resumo de todo o conhecimento védico porque foi falada pela própria Personalidade de Deus, que revelou esse conhecimento ao coração de Brahmā, o primeiro ser criado do Universo. O Śrīmad-Bhāgavatam foi falado sobretudo para a orientação das pessoas desta era, a qual está coberta pela nuvem da ignorância.