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Capítulo Vinte e Seis

Estímulos para o Amor Extático

Alguns elementos que propiciam estímulo para o amor extático por Kṛṣṇa são as qualidades transcendentais de Kṛṣṇa, Suas atividades incomuns, Suas feições sor­ridentes, Seu vestuário, Suas guirlandas, Sua flauta, Sua corneta feita de chifre de búfalo, os guizos que Ele usa nas pernas, Seu búzio, Suas pegadas, o local onde executa Seus passatempos (como Vṛndāvana), Sua planta favorita (tulasī), Seu devoto e as ocasiões periódicas propícias para se lembrar dEle. Uma dessas ocasiões propícias para se lembrar de Kṛṣṇa é o ekādaśī, que acontece duas vezes ao mês; no décimo primeiro dia depois da Lua no quarto-minguante e no décimo primeiro dia depois da Lua no quarto­-crescente. Nesse dia de ekādaśī, todos os devotos jejuam por toda a noite e cantam as glórias do Senhor continuamente.

As qualidades transcendentais de Kṛṣṇa, Suas atividades incomuns e Seu sorriso

Quanto às qualidades transcendentais de Kṛṣṇa, podemos dividi-las em três grupos: as qualidades próprias de Seu corpo transcendental, as qualidades próprias de Sua fala transcendental e as qualidades próprias de Sua mente transcendental.

A idade de Kṛṣṇa, as características transcendentais de Seu corpo, Sua beleza e Sua suavidade são qualidades próprias de Seu corpo. Não há diferença entre Kṛṣṇa e Seu cor­po, em consequência do que as características transcendentais próprias de Seu corpo são idênticas a Kṛṣṇa em Si. Contudo, como essas qualidades estimulam o amor extático do devoto, elas são analisadas como causas separadas desse amor. Sentir-se atraído pelas qualidades de Kṛṣṇa significa sentir-se atraído pelo próprio Kṛṣṇa, porque, na verdade, inexiste distinção entre Kṛṣṇa e Suas qualidades. O nome de Kṛṣṇa também é Kṛṣṇa. A fama de Kṛṣṇa também é Kṛṣṇa. O séquito de Kṛṣṇa também é Kṛṣṇa. Kṛṣṇa e tudo que tem relação com Kṛṣṇa e que estimule o amor por Kṛṣṇa é Kṛṣṇa; porém, para o bem de nossa com­preensão, podemos considerar estes itens separadamente.

Kṛṣṇa é o reservatório de todo o prazer transcendental. Portanto, os ímpetos de amor a Kṛṣṇa, ainda que aparentemente diferentes, não são de fato distintos de Kṛṣṇa em Si. De acordo com os termos técnicos em sânscrito, qualidades tais como o nome de Kṛṣṇa, a fama de Kṛṣṇa, etc. são aceitas não apenas como reservatórios de amor a Kṛṣṇa, mas também como estímulos para o amor a Kṛṣṇa.

A idade de Kṛṣṇa é classificada em três períodos: O período entre o dia em que Ele aparece e o dia em que Ele completa seis anos chama-se kaumāra; o período entre o começo dos seis anos e os dez anos chama-se paugaṇḍa; e o período entre os dez anos e os dezesseis anos chama-se kaiśora; após o começo do décimo sexto ano, Kṛṣṇa é chamado de yauvana, ou jovem, período este que prossegue sem mudanças.

Quanto aos passatempos transcendentais de Kṛṣṇa, a maioria deles é executada durante os períodos kaumāra, paugaṇḍa e kaiśora. Ele executa Seus afetuosos passa­tempos com Seus pais durante Sua idade de kaumāra. Ele manifesta Sua amizade com os vaqueirinhos durante o período paugaṇḍa, e Sua amizade com as gopīs durante a idade de kaiśora. Os passatempos de Kṛṣṇa em Vṛndāvana terminam na época em que Ele completa Seus quinze anos, quando é transferido para Mathurā e Dvārakā, onde são executados todos os outros passatempos.

Em seu Bhakti-rasāmṛta-sindhu, Śrīla Rūpa Gosvāmī nos apresenta uma descrição vívida de Kṛṣṇa como o reservatório de todos os prazeres. Seguem agora algumas partes dessa descrição.

Pode-se dividir a idade kaiśora de Kṛṣṇa em três partes. No princípio de Sua idade kaiśora – isto é, no começo dos Seus quinze anos – o esplendor de Seu corpo fica tão brilhante que se torna um ímpeto para o amor extático. De forma similar, ao redor de Seus olhos, há margens avermelhadas, e, em Seu corpo, crescem cabelos macios. Quando descre­via esta fase inicial da idade kaiśora de Kṛṣṇa, Kundalatā, uma das residentes de Vṛndāvana, disse a sua amiga: “Minha querida amiga, acabo de perceber uma extraordinária beleza aparecendo na pessoa de Kṛṣṇa. A cor escura de Seu corpo parece a joia indranīla. Seus olhos têm sinais avermelhados e, de Seu corpo, estão saindo cabelinhos macios. O aparecimento destes sintomas O torna extraordinariamente belo”.

A este respeito, no Śrīmad-Bhāgavatam (10.21.5), Śukadeva Gosvāmī diz ao rei Parīkṣit: “Meu querido rei, tentarei descrever como foi que as mentes das gopīs se absorveram em pensar em Kṛṣṇa. As gopīs meditavam em Kṛṣṇa a vestir-Se como um dançarino e a entrar na floresta de Vṛndāvana marcando o solo com Suas pegadas. Elas meditavam em Kṛṣṇa trajando um elmo com uma pena de pavão e usando brincos em Suas orelhas e roupas amarelo-ouro com pedras preciosas e pérolas. Elas também me­ditavam em Kṛṣṇa a tocar Sua flauta e em todos os vaqueirinhos a cantar as glórias do Senhor”. Esta é a descrição da meditação que as gopīs costumavam fazer.

As gopīs, certas vezes, pensavam em Suas unhas macias, em Suas sobrancelhas se movendo e em Seus dentes, os quais tinham cor de caucho em virtude do hábito de mascar pan. Uma gopī fez a seguinte descrição à sua amiga: “Minha querida amiga, vê só quão maravilhosos são os atributos que o inimigo de Agha assumiu! Suas sobrancelhas, que são como as sobrancelhas do Cupido, estão se movendo como se dançassem. Tão macias são as pontas de Suas unhas que é como se fossem folhas secas de bambu. Como Seus dentes são avermelhados, parece que Ele assumiu um aspecto iracundo. Nessas circunstâncias, que possibilidade tem uma mocinha de não se sentir atraída por características assim tão belas e de não ter medo de ser vitimada por tal beleza?”.

Os atrativos atributos de Kṛṣṇa também são descritos por Vṛndā, a gopī de quem Vṛndāvana recebe seu nome. Ela disse a Kṛṣṇa: “Meu querido Mādhava, o sorriso que aca­bas de inventar cativou o coração das gopīs de tal modo que elas simplesmente não conseguem se exprimir! Assim, elas estão confusas e não querem conversar com as outras pessoas. Todas essas gopīs ficaram tão agitadas que é como se houvessem ofereci­do três gotas d’água a suas vidas. Em outras palavras, elas desistiram de toda a esperança em suas condições de vida”. Segundo o sistema indiano, quando uma pessoa morre, borrifa-se água em seu corpo. Desse modo, a declaração de Vṛndā mostra que as gopīs estavam tão encantadas pela beleza de Kṛṣṇa que, por não poderem exprimir o que sentiam, decidiram cometer suicídio.

Quando Kṛṣṇa chegou à idade de treze para quatorze anos, Seus dois braços e Seu peito assumiram uma beleza indescritível, e toda a Sua forma tornou-Se simplesmente en­cantadora. Quando Kṛṣṇa atingiu os treze anos de idade, Suas duas coxas desafiavam as trombas dos elefantes, Seu peito volumoso tentava entrar em um acordo de paz com as por­tas de joias, e Seus dois braços minimizavam o valor dos ferrolhos que se encontram nas portas. Quem pode descrever a beleza maravilhosa destas características de Kṛṣṇa? A be­leza especial do corpo de Kṛṣṇa consistia em Seu sorriso suave, Seus olhos inquietos e Suas canções que encantavam o mundo. Estas são as características especiais dessa ida­de.

A este respeito, declara-se que, ao chegar a esta idade, Kṛṣṇa manifestou caracterís­ticas corpóreas tão belas que Seus olhos inquietos tornaram-se os brinquedos do Cupido, e Seu sorriso suave assemelhava-se à flor de lótus recém-crescida. A vibração encanta­dora de Suas canções tornou-se um grande obstáculo para as mocinhas, as quais deviam permanecer castas e fiéis a seus esposos.

Nesta idade, Kṛṣṇa desfrutou a rāsa-līlā, manifestando o poder que tem de brincar com as vaqueirinhas e de desfrutar da companhia delas nas moitas dos jardins à margem do Yamunā.

No concernente a isso, existe a seguinte declaração: “Por toda a extensão de terra conhecida como Vṛndāvana, viam-se as pegadas de Kṛṣṇa e das gopīs, e havia lugares em que se viam penas de pavão espalhadas. Em algumas partes das moitas dos jardins de Vṛndāvana, havia boas camas, e, em alguns lugares, havia montes de poeira por causa da dança em grupo de Govinda e das gopīs”. Estes são alguns dos aspectos próprios dos diferentes passatempos inventados por Śrī Kṛṣṇa no lugar conhecido como Vṛndāvana.

Descrevendo a característica atrativa de Kṛṣṇa durante esta idade, uma gopī faz a seguinte declaração: “Minha querida amiga, vê só como é que subitamente no céu de Kṛṣṇa surge um sol poderoso e como é que esse sol nascente está minimizando os raios de nossa lua da castidade. Nossa atração por Kṛṣṇa é tão intensa que está secando a flor de lótus de nossa discriminação, de modo que estamos perdendo nossos sentidos para decidir se continuaremos sendo mulheres castas ou se cairemos vítimas da beleza de Kṛṣṇa. Minha querida amiga, acho que perdemos toda a esperança de vida!”.

Na idade de kaiśora, que começa aos onze anos e continua até o fim dos quinze anos, os braços, as pernas e as coxas de Kṛṣṇa ficaram marcados com três linhas divi­sionárias. Nessa época, o peito de Kṛṣṇa desafiava uma colina de joias marakata, Seus braços desafiavam pilares de joias indranīla, as três linhas de Sua cintura desafiavam as ondas do rio Yamunā, e Suas coxas desafiavam formosas bananas. Certa gopī disse: “Com Seu corpo dotado de todas estas características requintadas, a formosura de Kṛṣṇa é demasia­damente extraordinária, em razão do que estou sempre pensando nEle para que me proteja, visto que Ele mata todos os demônios”.

A ideia expressa nesta declaração é que as gopīs comparavam a atração que sentiam por Kṛṣṇa a um ataque de demônios, e, para poderem neutralizar a atração que sen­tiam pela beleza de Kṛṣṇa, também estavam se voltando esperançosamente a Kṛṣṇa, porque Ele mata todas as espécies de demônios. Em outras palavras, elas estavam perplexas porque, por um lado, sentiam-se atraídas pela beleza de Kṛṣṇa, ao passo que, por outro lado, precisavam de Kṛṣṇa para poderem afastar o demônio de tal atração.

A tradução que podemos fornecer para esta idade de kaiśora é “adolescência”. Ao final deste período, todas as gopīs disseram: “Kṛṣṇa é o matador da atração do Cupido e, desta forma, Ele perturba a paciência de todas as moças recém-casadas. As características corporais de Kṛṣṇa tornaram-se imensamente requintadas – é como se estivessem todas manifes­tando um sentido artístico da mais elevada qualidade. Seus olhos dançantes ofuscam o esplendor do mais exímio dançarino, devido a que não há mais termos de comparação para a beleza de Kṛṣṇa”. Os sábios eruditos, portanto, descrevem as características de Seu cor­po nesse período como nava-yauvana, recém-inventada juventude. Nesta fase das caracte­rísticas corpóreas de Kṛṣṇa, as aventuras amorosas conjugais com as gopīs e passatempos similares tornam-se muito proeminentes.

As aventuras amorosas conjugais possuem seis aspectos, denominados fazer as pazes, buscar desentendimentos, ir encontrar-se com o amante, sentar-se juntos, separação e amparo. O Se­nhor Kṛṣṇa expandiu um império destes seis aspectos, império do qual Ele era o príncipe governante. Em um lugar, Ele buscava desentendimentos com as mocinhas; em outro, arranhava-as com unhas de papagaios; em outro, estava atarefado indo visitar as gopīs, e, em outro lugar, negociava através de amigos vaqueirinhos para poder refugiar-Se nas gopīs.

Algumas das gopīs dirigiram-se a Ele desta maneira: “Meu querido Kṛṣṇa, por causa de Tua idade adolescente acabas de Te tornares o mestre espiritual dessas mocinhas e as estás ensinando a sussurrar entre si. Tu as estás ensinando a oferecer orações solenes, como também as estás treinando a enganar seus maridos a fim de que, à noite, vão se juntar a Ti nos jardins sem se importarem com as instruções de seus superiores. Tu as estás entusiasmando com a vibração de Tua flauta encantadora, e, na qualidade de mestre delas, Tu as estás ensinando todas as complexidades das aventuras amorosas”.­

Afirma-se que, mesmo quando Kṛṣṇa era um menino de cinco anos, Ele manifestava tais energias juvenis, mas os sábios eruditos não as explicam devido à ausência da idade adequada. Kṛṣṇa era belo porque cada parte de Seu corpo possuía per­feita harmonia, sem defeito algum. Essas características corpóreas perfeitas de Kṛṣṇa são descritas como segue: “Meu querido inimigo de Kaṁsa, Teus olhos amendoados, Teu peito volu­moso, Teus dois braços semelhantes a colunas e a delgada porção mediana de Teu corpo sempre encantam toda bela moça de olhos de lótus”. Na realidade, os ornamentos que havia no corpo de Kṛṣṇa não realçavam Sua beleza, senão que ocorria precisamente o con­trário – Kṛṣṇa embelezava os ornamentos.

Considera-se que uma pessoa é afável quando ela não pode suportar sequer o toque de algo absolutamente macio. Descreve-se que cada parte do corpo de Kṛṣṇa era tão macia que, mesmo com o toque de folhas recém-brotadas, mudava a cor da parte de Sua pele que era tocada. Nesta idade de kaiśora, Kṛṣṇa sempre voltava Seus esforços para a organi­zação da dança da rāsa, bem como para o matar dos demônios que se encontravam na flores­ta de Vṛndāvana. Enquanto Kṛṣṇa Se divertia com os rapazes e as moças na floresta de Vṛndāvana, Kaṁsa mandava que seus companheiros fossem matá-lO, ao que Kṛṣṇa mos­trava Sua intrepidez matando-os.

Vestuário e guirlandas de Kṛṣṇa

No corpo de Kṛṣṇa, em geral, figuram quatro tipos de traje: Sua camisa, Seu tur­bante, Seu cinto e Seu vestuário de uso. Em Vṛndāvana, Ele costumava Se vestir com roupas avermelhadas, com uma camisa dourada sobre Seu corpo e um turbante de cor alaranjada na cabeça. Combinados com Seu sorriso encantador, os diferentes tipos de cintos sempre aumentavam a bem-aventurança transcendental de Seus companheiros. Des­creve-se que este vestuário de Kṛṣṇa é esplendoroso. Assim como um elefantinho é às vezes vestido com roupas coloridas, o esplendor de Kṛṣṇa manifesta­va-se através da decoração com essas roupas coloridas nas diferentes partes de Seu corpo.

Ākalpa se refere à textura do cabelo de Kṛṣṇa, a Seu corpo bem vestido, untado com polpa de sândalo e decorado com guirlandas de flores, a Sua tilaka e a Seu pan de mascar. Kṛṣṇa era constantemente decorado dentro deste processo ākalpa. O cabelo de Kṛṣṇa, certas vezes, era decorado com flores colocadas no meio de Sua cabeça, ou ainda caindo até Suas costas. Deste modo, Kṛṣṇa enfeitava Seu cabelo de maneiras diferentes em diferentes ocasiões. Quanto ao unguento que se passava em Seu corpo, geralmente a polpa de sândalo parecia ser branca, mas, quando era misturada com corante açafroado, parecia ser amarela.

Kṛṣṇa costumava usar uma guirlanda vaijayantī em volta de Seu pescoço, guirlanda esta que é feita com pelo menos cinco flores de cores diferentes. Essa guirlanda era sempre comprida o bastante para tocar os joelhos ou os pés de Kṛṣṇa. Além dessa guir­landa de flores, havia também outros tipos de guirlandas de flores – às vezes enfeitando Sua cabeça, às vezes penduradas em volta de Seu pescoço e de Seu peito. No corpo de Kṛṣṇa, também se encontravam pinturas artísticas feitas com polpa de sândalo e com sândalo colorido.

Certa gopī dirigiu-se a sua amiga e colocou-se a louvar as características do corpo de Kṛṣṇa. Ela louvou Sua compleição escura, a cor avermelhada do pan de mascar que real­çava Sua beleza centenas de vezes, o cabelo ondulado em Sua cabeça, as manchas ver­melhas de kuṅkuma* sobre Seu corpo e a tilaka em Sua testa.

*Kuṅkuma é um pó vermelho de aroma adocicado que é atirado nos corpos de pessoas adoráveis.

Seu elmo, Seus brincos, Seu colar, Suas quatro vestes, os braceletes em Seus bra­ços, os anéis em Seus dedos, os guizos em Seus tornozelos e Sua flauta – são estes os di­ferentes aspectos dos ornamentos de Kṛṣṇa. Kṛṣṇa, o inimigo de Agha, tem sempre um aspecto formoso com Seu elmo incomparável, Seus brincos feitos de diamantes, Seu co­lar de pérolas, Seus braceletes, roupas bordadas e os belos anéis em Seus dedos.

Kṛṣṇa, algumas vezes, é chamado vanamālī. Vana significa “floresta” e mālī significa “jardineiro”, de modo que vanamālī se refere à pessoa que usa várias flores e guirlandas em diferentes partes de Seu corpo. Kṛṣṇa vestia-Se assim não apenas em Vṛndāvana, mas também no campo de batalha de Kurukṣetra. Vendo essas vestes coloridas e as guirlandas de diferentes flores, alguns grandes sábios oraram: “O Senhor Kṛṣṇa não foi ao campo de batalha de Kurukṣetra para lutar, mas sim para agraciar todos os devotos com Sua presença”.

A flauta de Kṛṣṇa

No que diz respeito à Sua flauta, afirma-se que a vibração desse instrumento maravilhoso era capaz de quebrar a meditação dos mais elevados dos sábios. Kṛṣṇa, desta maneira, desafiava o Cupido anunciando Suas glórias transcendentais em todo o mundo.

Kṛṣṇa usa três tipos de flautas. Uma se chama veṇu, a outra se chama muralī e a terceira, vaṁśī. A veṇu é bastante pequena, não tendo mais que quinze centímetros de com­primento, além de seis orifícios de sopro. A muralī possui cerca de vinte centímetros de comprimento, com um buraco na extremidade e quatro orifícios no corpo da flauta. Este tipo de flauta produz um som muito encantador. A flauta vaṁśī tem cerca de 38 centímetros de comprimento, com nove orifícios em seu corpo. Kṛṣṇa costumava tocar estas três flau­tas ocasionalmente, quando eram necessárias. Kṛṣṇa possui uma vaṁśī mais comprida, chamada mahānandā, ou sammohinī. Quando é ainda mais comprida, chama-se ākarṣiṇī. Quando é ainda mais comprida, chama-se ānandinī. A flauta ānandinī é muito agradável para os vaqueirinhos e é tecnicamente chamada vaṁśulī. Às vezes, estas flautas eram incrustadas com joias. Às vezes, eram feitas de mármore e, outras vezes, de bambu oco. Quando feita de joias, a flauta chama-se sammohinī. Quando feita de ouro, chama-se ākarṣiṇī.

A corneta de chifre bufalino de Kṛṣṇa

Kṛṣṇa usava um chifre de búfalo como corneta. Este instrumento estava sempre muito bem polido e rodeado com fitas douradas, sendo que, no centro, havia um orifício. Com respeito a estes instrumentos, há uma declaração metafórica com relação a uma gopī chamada Tārāvalī. É dito que Tārāvalī foi mordida pela venenosíssima cobra da flauta de Kṛṣṇa. Então, a fim de neutralizar o efeito venenoso, ela bebeu o leite produzi­do pelo chifre de búfalo que estava na mão de Kṛṣṇa. Todavia, em vez de diminuir, o leite aumentou o efeito venenoso milhares de vezes, em decorrência do que a gopī se viu na mais miserável condição de envenenamento.

A atração dos guizos das pernas de Kṛṣṇa

Certa gopī declarou certa vez a sua amiga: “Minha querida amiga, ao ouvir o som do guizo das pernas de Śrī Kṛṣṇa, preparei-me imediatamente para sair de casa para vê-lO. Lamentavelmente, porém, meus superiores encontravam-se justamente na minha frente naquele momento, de modo que não pude sair”.

O búzio de Kṛṣṇa

O búzio de Kṛṣṇa é conhecido como Pāñcajanya. No Bhagavad-gītā, também se faz menção a este búzio Pāñcajanya. Kṛṣṇa soou-o antes da Batalha de Kurukṣetra. Conta-se que, quando o Senhor Kṛṣṇa sopra Seu búzio transcendental, as esposas dos demônios ficam sujeitas a abortos, ao passo que as esposas dos semideuses são abençoadas com um caráter totalmente auspicioso. Dessa maneira, o som do búzio de Kṛṣṇa vibrava e circula­va em todo o mundo.

As pegadas de Kṛṣṇa

No Śrīmad-Bhāgavatam, declara-se que, quando Akrūra, que levou Kṛṣṇa em uma quadriga de Vṛndāvana para Mathurā, viu as pegadas de Kṛṣṇa na terra de Vṛndāvana, seu amor extático por Kṛṣṇa cresceu tão fortemente que os pelos de seu corpo se arrepiaram. Seus olhos encheram-se de lágrimas e, absorto nesse êxtase, saltou da quadriga, caiu ao chão e começou a cantar: “Como isso é maravilhoso! Como isso é maravilhoso!”.

As gopīs exprimiram sentimentos similares quando estavam a caminho da margem do Yamunā e viram as pegadas de Kṛṣṇa na poeira. Quando Kṛṣṇa caminhava pelo solo de Vṛndāvana, as marcas da sola de Seus pés (a bandeira, o raio, o peixe, um bastão para dominar elefantes e uma flor de lótus) ficavam gravadas na poeira do solo. As gopīs ficavam desorien­tadas pelo simples fato de verem tais marcas.

Os locais onde Kṛṣṇa executa Seus passatempos

Um devoto exclamou: “Oh! Ainda não visitei os maravilhosos locais onde se deram os passatempos do Senhor. Contudo, pelo simples fato de ouvir o nome de Mathurā, enchi-me de alegria!”.

A planta favorita de Kṛṣṇa: Tulasī

O Senhor Kṛṣṇa gosta muito de folhas e botões de tulasī. Como geralmente se ofere­cem botões de tulasī aos pés de lótus de Kṛṣṇa, certa vez um devoto orou aos botões de tulasī pedindo-lhes informação sobre os pés de lótus do Senhor. O devoto esperava que os botões de tulasī soubessem algo acerca das glórias dos pés de lótus do Senhor Śrī Kṛṣṇa.

Os devotos de Kṛṣṇa

Uma pessoa, algumas vezes, pode se encher de alegria ao ver um devoto do Senhor. Quan­do Dhruva Mahārāja viu dois companheiros de Nārāyaṇa aproximando-se dele, este se levan­tou de imediato por sincero respeito e devoção e se manteve diante deles de mãos postas; no entanto, por causa de seu amor extático, ele mal pôde oferecer-lhes uma recep­ção adequada.

Certa gopī dirigiu-se a Subala, um amigo de Kṛṣṇa, declarando o seguinte: “Meu caro Subala, sei que Kṛṣṇa é teu amigo e que tu sempre te divertes a sorrir e a brincar com Ele. Outro dia, eu vos vi parados, juntos, e, enquanto mantinhas tua mão sobre o ombro de Kṛṣṇa, ambos sorriam alegremente. Quando vos vi assim parados à distância imediatamente meus olhos se encheram de lágrimas”.

Dias especiais para se lembrar de Kṛṣṇa

Há muitas declarações sobre os dias festivos em relação às diferentes atividades de Kṛṣṇa. Um desses dias festivos é Janmāṣṭamī, o dia do nascimento de Kṛṣṇa. Para os devotos, este dia de Janmāṣṭamī é o mais opulento dia de festival, o qual ainda é comemo­rado com grande pompa em toda casa hindu na Índia e em outras partes do mundo. Há vezes em que até os devotos de outros grupos religiosos beneficiam-se com esse dia auspicioso e se aprazem com a realização da ce­rimônia de Janmāṣṭamī. Também se desperta o amor extático por Kṛṣṇa nos dias de ekādaśī, que são outros dias festivos conectados a Kṛṣṇa.

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