VERSO 39
taṁ menire ’balā mūḍhāḥ
straiṇaṁ cānuvrataṁ rahaḥ
apramāṇa-vido bhartur
īśvaraṁ matayo yathā
tam — ao Senhor Śrī Kṛṣṇa; menire — tinham certeza; abalāḥ — delicados; mūḍhāḥ — por causa da simplicidade; straiṇam — aquele que é dominado por sua esposa; ca — também; anuvratam — seguidor; rahaḥ — lugar solitário; apramāṇa-vidaḥ — inconscientes da extensão das glórias; bhartuḥ — do seu esposo; īśvaram — o controlador supremo; matayaḥ — teses; yathā — como é.
As mulheres, simples e delicadas, pensavam verdadeiramente que o Senhor Śrī Kṛṣṇa, seu amado esposo, as seguia e estava dominado por elas. Não tinham consciência da extensão das glórias de seu esposo, assim como os ateístas são inconscientes dEle como o controlador supremo.
SIGNIFICADO—Mesmo as esposas transcendentais do Senhor Śrī Kṛṣṇa não conheciam por completo as glórias impenetráveis do Senhor. Essa ignorância não é mundana, porque há certa influência da potência interna do Senhor no intercâmbio de sentimentos entre Ele e Seus associados eternos. O Senhor intercambia relações transcendentais de cinco maneiras, como proprietário, mestre, amigo, filho e amante, e, em cada um desses passatempos, Ele atua plenamente através da potência de yogamāyā, a potência interna. Ele atua exatamente como um amigo em nível de igualdade com os vaqueirinhos, ou mesmo com amigos como Arjuna. Ele atua exatamente como um filho na presença de Yaśodāmātā. Ele atua exatamente como um amante na presença das donzelas vaqueirinhas, e Ele atua exatamente como um esposo na presença das rainhas de Dvārakā. Tais devotos do Senhor nunca pensam no Senhor como o Supremo, mas pensam nEle precisamente como um amigo comum, um filho preferido, ou um amante ou esposo muito querido ao coração e à alma. Assim é a relação transcendental entre o Senhor e Seus devotos transcendentais, que agem como Seus associados no céu espiritual, onde há inúmeros planetas Vaikuṇṭha. Quando o Senhor desce, Ele o faz juntamente com Seu séquito, para exibir um quadro completo do mundo transcendental, onde o amor puro e a devoção pelo Senhor prevalecem sem nenhum vestígio mundano de domínio sobre a criação do Senhor. Tais devotos do Senhor são todos almas liberadas, representações perfeitas da potência interna ou marginal, em completa negação da influência da potência externa. As esposas do Senhor Kṛṣṇa eram levadas a esquecer as imensuráveis glórias do Senhor através da potência interna, para que não pudesse haver qualquer defeito de intercâmbio, e elas tinham certeza de que o Senhor era um marido dominado, sempre as seguindo para lugares solitários. Em outras palavras, mesmo os associados pessoais do Senhor não O conhecem perfeitamente bem; o que, então, sabem os escritores de teses ou especuladores mentais sobre as glórias transcendentais do Senhor? Os especuladores mentais apresentam diversas teses quanto ao fato de Ele Se tornar as causas da criação, os ingredientes da criação ou a causa material e eficiente da criação etc., mas tudo isso é apenas conhecimento parcial sobre o Senhor. Na verdade, eles são tão ignorantes como o homem comum. O Senhor só pode ser conhecido pela misericórdia dEle mesmo, e por nenhum outro meio. Contudo, uma vez que os relacionamentos do Senhor com Suas esposas se baseiam em amor e devoção puros e transcendentais, as esposas estão todas no plano transcendental, sem contaminação material.
Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do primeiro canto, décimo primeiro capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “A Entrada do Senhor Kṛṣṇa em Dvārakā”.