VERSO 33
tad abhipretam ālakṣya
bhrātaro ’cyuta-coditāḥ
dhanaṁ prahīṇam ājahrur
udīcyāṁ diśi bhūriśaḥ
tat — seus; aphipretam — desejos da mente; ālakṣya — observando; bhrātaraḥ — seus irmãos; acyuta — o infalível (Senhor Śrī Kṛṣṇa); coditāḥ — sendo aconselhados por; dhanam — riquezas; prahīṇam — para coletar; ājahruḥ — trazidas; udīcyām — setentrional; diśi — direção; bhūriśaḥ — suficientes.
Entendendo os desejos do coração do rei, seus irmãos, conforme foram aconselhados pelo infalível Senhor Kṛṣṇa, coletaram suficientes riquezas do norte [deixadas pelo rei Marutta].
SIGNIFICADO—Mahārāja Marutta: Um dos grandes imperadores do mundo. Reinou sobre o mundo antes do reinado de Mahārāja Yudhiṣṭhira. Era filho de Mahārāja Avikṣit e era um grande devoto do filho do deus do Sol, conhecido como Yamarāja. Seu irmão Samvarta era um sacerdote rival do grande Bṛhaspati, o erudito sacerdote dos semideuses. Ele conduziu um sacrifício chamado saṅkara-yajña, com o qual o Senhor ficou tão satisfeito que teve prazer de transmitir-lhe a posse de um pico de montanha de ouro. Esse pico de ouro encontra-se em alguma parte das montanhas dos Himālayas, e os aventureiros modernos podem tentar encontrá-lo ali. Ele era um imperador tão poderoso que, no fim dos dias de sacrifício, os semideuses de outros planetas, como Indra, Candra e Bṛhaspati costumavam visitar seu palácio. E porque tinha o pico de ouro à sua disposição, ele possuía ouro o suficiente. O dossel do altar de sacrifício era todo feito de ouro. Em suas realizações diárias de cerimônias sacrificiais, alguns dos habitantes de Vāyuloka (planetas aéreos) eram convidados para acelerar o trabalho de cozinha da cerimônia. E a assembleia de semideuses na cerimônia era liderada por Viśvadeva.
Através de seu constante trabalho piedoso, ele era capaz de afastar todas as espécies de doença da jurisdição de seu reino. Todos os habitantes dos planetas superiores, como Devaloka e Pitṛloka, ficaram satisfeitos com ele devido a suas grandes cerimônias de sacrifício. Todos os dias, ele costumava dar em caridade aos brāhmaṇas eruditos coisas tais como roupas de cama e colchões, assentos, carruagens e quantidades suficientes de ouro. Devido às caridades munificentes e execuções de inúmeros sacrifícios, o rei do céu, Indradeva, estava plenamente satisfeito com ele e sempre desejava seu bem-estar. Por causa de suas atividades piedosas, ele permaneceu um homem jovem por toda a sua vida e reinou sobre o mundo durante mil anos, cercado de seus súditos satisfeitos, ministros, esposa legítima, filhos e irmãos. Mesmo o Senhor Śrī Kṛṣṇa elogiou seu espírito de atividades piedosas. Ele deu a mão de sua filha única a Maharṣi Aṅgirā, por cujas boas bênçãos ele foi elevado ao reino celestial. A princípio, ele quis oferecer o sacerdócio de seu sacrifício ao erudito Bṛhaspati, mas o semideus se recusou a aceitar o posto porque o rei era um ser humano, um homem desta Terra. Ele ficou muito triste com isso, mas, a conselho de Nārada Muni, apontou Samvarta para o posto, o qual foi bem-sucedido em sua missão.
O êxito de um tipo particular de sacrifício depende do sacerdote encarregado. Nesta era, todos os tipos de sacrifícios são proibidos porque não há sacerdotes eruditos entre os assim chamados brāhmaṇas, que se guiam pela falsa noção de se tornarem filhos de brāhmaṇas sem terem as qualificações bramânicas. Nesta era de Kali, portanto, apenas um tipo de sacrifício é recomendado, o saṅkīrtana-yajña, conforme foi inaugurado pelo Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu.