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VERSO 14

kañcit kālam athāvātsīt
sat-kṛto devavat sukham
bhrātur jyeṣṭhasya śreyas-kṛt
sarveṣāṁ sukham āvahan

kañcit — por alguns dias; kālam — tempo; atha — assim; avātsīt — residiu; sat-kṛtaḥ — sendo bem tratado; deva-vat — assim como uma personalidade divina; sukham — amenidades; bhrātuḥ — do irmão; jyeṣṭhasya — do mais velho; śreyaḥ-kṛt — para lhe fazer o bem; sarveṣām — todos os demais; sukham — felicidade; āvahan — tornou possível.

Então, Mahātmā Vidura, sendo tratado como uma pessoa divina por seus parentes, permaneceu ali por um determinado período apenas para retificar a mentalidade de seu irmão mais velho e, dessa maneira, alegrar a todos os demais.

SIGNIFICADO—Pessoas santas como Vidura devem ser tratadas tão bem como um habitante do céu. Naqueles dias, os habitantes dos planetas celestiais costumavam visitar lares como o de Mahārāja Yudhiṣṭhira, e, às vezes, pessoas como Arjuna e outros costumavam visitar os planetas superiores. Nārada é um homem do espaço que pode viajar irrestritamente, não apenas entre os universos materiais, mas também até os universos espirituais. Mesmo Nārada costumava visitar o palácio de Mahārāja Yudhiṣṭhira, isso para não falar de outros semideuses celestiais. É apenas a cultura espiritual das pessoas interessadas que possibilita as viagens interplanetárias, mesmo no corpo atual. Portanto, Mahārāja Yudhiṣṭhira recebeu Vidura à maneira da recepção oferecida aos semideuses.

Mahātmā Vidura já havia adotado a ordem de vida renunciada, de modo que ele não retornou a seu palácio paterno para desfrutar de alguns confortos materiais. Por sua própria misericórdia, ele aceitou o que lhe foi oferecido por Mahārāja Yudhiṣṭhira, mas o propósito de ele viver no palácio era liberar seu irmão mais velho, Dhṛtarāṣṭra, que estava muito apegado materialmente. Dhṛtarāṣṭra perdeu todo o seu Estado e descendentes na luta contra Mahārāja Yudhiṣṭhira e ainda assim, devido a sua condição de desamparo, não se sentia envergonhado de aceitar a caridade e hospitalidade de Mahārāja Yudhiṣṭhira. Da parte de Mahārāja Yudhiṣṭhira, era completamente correto manter seu tio de maneira conveniente, mas a aceitação de hospitalidade tão magnânima por parte de Dhṛtarāṣṭra não era nem um pouco desejável. Ele a aceitava porque pensava não haver alternativa. Vidura veio particularmente para iluminar Dhṛtarāṣṭra e para elevá-lo ao status superior de cognição espiritual. É dever das almas iluminadas libertar as caídas, e Vidura veio por essa razão. Todavia, as conversas sobre iluminação espiritual são tão renovadoras que, enquanto instruía Dhṛtarāṣṭra, Vidura atraiu a atenção de todos os membros da família, e todos eles se compraziam em ouvi-lo pacientemente. Esse é o caminho da compreensão espiritual. A mensagem deve ser ouvida atentamente e, se falada por uma alma realizada, agirá no coração adormecido da alma condicionada. E, através da audição contínua, pode-se alcançar o estágio perfeito de autorrealização.

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