VERSO 37
yat-pāda-śuśrūṣaṇa-mukhya-karmaṇā
satyādayo dvy-aṣṭa-sahasra-yoṣitaḥ
nirjitya saṅkhye tri-daśāṁs tad-āśiṣo
haranti vajrāyudha-vallabhocitāḥ
yat — cujos; pāda — pés; śuśrūṣaṇa — administração de confortos; mukhya — o mais importante; karmaṇā — pelos atos de; satya-ādayaḥ — rainhas encabeçadas por Satyabhāmā; dvi-aṣṭa — duas vezes oito; sahasra — mil; yoṣitaḥ — o belo sexo; nirjitya — subjugando; saṅkhye — na batalha; tri-daśān — dos cidadãos do céu; tat-āśiṣaḥ — que é desfrutada pelos semideuses; haranti — tomam; vajra-āyudha-vallabhā — as esposas da personalidade que controla o relâmpago; ucitāḥ — merecendo.
Simplesmente por administrarem confortos aos pés de lótus do Senhor, que é o mais importante de todos os serviços, as rainhas de Dvārakā, encabeçadas por Satyabhāmā, induziram o Senhor a conquistar os semideuses. Assim, as rainhas desfrutam de coisas que são prerrogativas das esposas do controlador dos relâmpagos.
SIGNIFICADO—Satyabhāmā: Uma das principais rainhas do Senhor Śrī Kṛṣṇa em Dvārakā. Após matar Narakāsura, o Senhor Kṛṣṇa visitou o palácio de Narakāsura, acompanhado de Satyabhāmā. Ele também foi a Indraloka com Satyabhāmā, e ela foi recebida por Śacīdevī, que a apresentou à mãe dos semideuses, Aditi. Aditi ficou muito satisfeita com Satyabhāmā e lhe concedeu a bênção da juventude permanente enquanto o Senhor Kṛṣṇa permanecesse na Terra. Aditi também a levou consigo para lhe mostrar as prerrogativas especiais dos semideuses nos planetas celestiais. Quando Satyabhāmā viu a flor pārijāta, ela desejou tê-la em seu palácio em Dvārakā. Depois disso, ela voltou a Dvārakā juntamente com seu esposo e expressou sua vontade de ter a flor pārijāta em seu palácio. O palácio de Satyabhāmā era especialmente incrustado com joias preciosas, e mesmo na quentíssima estação do verão, o interior do palácio permanecia fresco, como se tivesse ar condicionado. Ela decorava seu palácio com várias bandeiras, anunciando ali as novas da presença de seu grande esposo. Certa vez, juntamente com seu esposo, ela se encontrou com Draupadī e ficou ansiosa por ser instruída por Draupadī sobre os caminhos e meios de satisfazer seu esposo. Draupadī era perita neste afazer porque mantinha cinco esposos, os Pāṇḍavas, e todos eles estavam muito satisfeitos com ela. Ao receber as instruções de Draupadī, ela ficou muito agradada, oferecendo-lhe seus bons votos e regressando a Dvārakā. Ela era filha de Satrājit. Após a partida do Senhor Kṛṣṇa, quando Arjuna visitou Dvārakā, todas as rainhas, inclusive Satyabhāmā e Rukmiṇī, lamentaram pelo Senhor com grande sentimento. Na última fase de sua vida, ela partiu para a floresta para submeter-se a severas penitências.
Satyabhāmā instigou seu esposo a obter a flor pārijāta dos planetas celestiais, e o Senhor a obteve à força dos semideuses, assim como um esposo comum consegue objetos para satisfazer sua esposa. Como já se explicou, o Senhor tinha muito pouco a ver com tantas esposas para executar suas ordens como um homem comum. Todavia, porque as rainhas aceitaram uma qualidade elevada de serviço devocional, ou seja, administrar todos os confortos ao Senhor, o Senhor representou o papel de um esposo completo e fiel. Nenhuma criatura terrena pode esperar ter coisas do reino celestial, especialmente as flores pārijāta, que são simplesmente para serem usadas pelos semideuses. Porém, por terem se tornado esposas fiéis do Senhor, todas elas desfrutaram das prerrogativas especiais das grandes esposas dos cidadãos do céu. Em outras palavras, uma vez que o Senhor é proprietário de tudo dentro de Sua criação, não é muito surpreendente para as rainhas de Dvārakā terem qualquer coisa rara de qualquer parte do universo.