VERSO 7
yat-saṁśrayād drupada-geham upāgatānāṁ
rājñāṁ svayaṁvara-mukhe smara-durmadānām
tejo hṛtaṁ khalu mayābhihataś ca matsyaḥ
sajjīkṛtena dhanuṣādhigatā ca kṛṣṇā
yat — por cuja misericordiosa; saṁśrayāt — pela força; drupada-geham — no palácio do rei Drupada; upāgatānām — todos aqueles reunidos; rājñām — dos príncipes; svayaṁvara-mukhe — na ocasião da escolha do noivo; smara-durmadānām — todos luxuriosos nos pensamentos; tejaḥ — poder; hṛtam — derrotados; khalu — por assim dizer, mayā — por mim; abhihataḥ — trespassado; ca — também; matsyaḥ — o peixe alvo; sajjī-kṛtena — equipando o arco; dhanuṣā — também por aquele arco; adhigatā — obtida; ca — também; kṛṣṇā — Draupadī.
Unicamente por Sua força misericordiosa fui capaz de derrotar todos os príncipes luxuriosos reunidos no palácio do rei Drupada para a escolha do noivo. Com meu arco e flecha, pude trespassar o peixe que servia como alvo e, desse modo, obter a mão de Draupadī.
SIGNIFICADO—Draupadī era a filha mais bela do rei Drupada, e, quando era uma mocinha, quase todos os príncipes desejavam sua mão. Porém, Drupada Mahārāja decidiu dar a mão de sua filha somente a Arjuna e, portanto, arquitetou uma maneira peculiar. Havia um peixe pendurado no teto da casa, sob a proteção de uma roda. A condição era que, entre a ordem principesca, o candidato deveria ser capaz de trespassar os olhos do peixe através da roda de proteção, e ninguém teria permissão de olhar para o alvo. No chão, havia um pote de água no qual o alvo e a roda estavam refletidos, e o candidato teria que fixar a mira no alvo olhando para a água tremulante no pote. Mahārāja Drupada sabia bem que somente Arjuna, ou, alternativamente, Karṇa, poderiam executar o plano com sucesso. Mas, mesmo assim, ele queria dar a mão de sua filha a Arjuna. E, na assembleia da ordem principesca, quando Dhṛṣṭadyumna, o irmão de Draupadī, apresentou todos os príncipes a sua irmã crescida, Karṇa também esteve presente na competição. Mas Draupadī, com muito tato, evitou Karṇa como rival de Arjuna, e expressou seus desejos através de seu irmão Dhṛṣṭadyumna, de que ela seria incapaz de aceitar alguém que fosse menos que um kṣatriya. Os vaiśyas e śūdras são menos importantes do que os kṣatriyas. Karṇa era conhecido como o filho de um carpinteiro, um śūdra. Assim, Draupadī evitou Karṇa através desta alegação. Quando Arjuna, vestido como um pobre brāhmaṇa, trespassou o difícil alvo, todos ficaram atônitos, e todos eles, especialmente Karṇa, desafiaram Arjuna para uma luta formal, mas, como de costume, pela graça do Senhor Kṛṣṇa, ele foi capaz de se sair muito bem-sucedido na luta principesca e, desse modo, obter a preciosa mão de Kṛṣṇa, ou Draupadī. Arjuna está entre lamentos relembrando o incidente na ausência do Senhor, cuja força era o único motivo de ele ser tão poderoso.