No edit permissions for Português

VERSO 38

sūta uvāca
abhyarthitas tadā tasmai
sthānāni kalaye dadau
dyūtaṁ pānaṁ striyaḥ sūnā
yatrādharmaś catur-vidhaḥ

sūtaḥ uvāca — Sūta Gosvāmī disse; abhyarthitaḥ — sendo assim solicitado; tadā — naquele momento; tasmai — a ele; sthānāni — lugares; kalaye — à personalidade de Kali; dadau — deu-lhe permissão; dyūtam — jogos; pānam — bebedeira; striyaḥ — associação ilícita com mulheres; sūnā — abatimento de animais; yatra — onde quer que; adharmaḥ — atividades pecaminosas; catuḥ-vidhaḥ — quatro tipos de.

Sūta Gosvāmī disse: Mahārāja Parīkṣit, sendo assim solicitado pela personalidade de Kali, deu-lhe permissão de residir em lugares onde se realizassem jogos, bebedeiras, prostituição e abatimento de animais.

SIGNIFICADO—Os princípios básicos da irreligiosidade, tais como o orgulho, a prostituição, a intoxicação e a falsidade, neutralizam os quatro princípios da religião, a saber, austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade. A personalidade de Kali recebeu permissão de viver em quatro lugares particularmente mencionados pelo rei, ou seja, o lugar de jogos, o lugar de prostituição, o lugar de bebedeiras e o lugar de abatimento de animais.

Śrīla Jīva Gosvāmī declara que a embriaguez contrária aos princípios das escrituras, tais como o sautrāmaī-yajña, a associação com mulheres fora do casamento e a matança de animais contrária aos preceitos das escrituras são atos irreligiosos. Nos Vedas, há dois diferentes tipos de preceitos para os pravṛttas, ou aqueles que estão ocupados no gozo material, e para os nivṛttas, ou aqueles que estão liberados do cativeiro material. O preceito védico para os pravṛttas é de regularem gradualmente suas atividades e orientá-las ao caminho da liberação. Portanto, para aqueles que estão no estágio mais baixo de ignorância e que se entregam a vinho, mulheres e carne, recomenda-se às vezes beber através da execução do sautrāmaṇī-yajña, a associação com mulheres através do casamento, e comer carne através de sacrifícios. Essas recomendações encontradas na literatura védica destinam-se a uma classe particular de homens, e não a todos. Mas, por serem preceitos dos Vedas para tipos particulares de pessoas, essas atividades dos pravṛttas não são consideradas adharma. O alimento de um homem pode ser veneno para outros; analogamente, aquilo que é recomendado para aqueles que estão no modo da ignorância pode ser veneno para aqueles que estão no modo da bondade. Śrīla Jīva Gosvāmī Prabhu, portanto, afirma que as recomendações encontradas nas escrituras para uma determinada classe de homens não devem, de forma alguma, ser consideradas adharma, ou irreligiosas. Mas, de fato, tais atividades são adharma, e nunca devem ser encorajadas. As recomendações nas escrituras não se destinam a incentivar tal adharma, mas regular gradualmente o adharma necessário rumo ao caminho de dharma.

Seguindo os passos de Mahārāja Parīkṣit, é dever de todos os chefes executivos de estado zelarem para que os princípios da religião, a saber, austeridade, limpeza, misericórdia e veracidade, sejam estabelecidos no estado, e que os princípios da irreligião, a saber, orgulho, companhia feminina ilícita ou prostituição, intoxicação e falsidade, sejam coibidos de todos os modos. E, para fazer o melhor uso de um mau negócio, a personalidade de Kali pode ser transferida a lugares de jogos, bebedeiras, prostituição e matadouros, caso haja locais desse tipo. Aqueles que são viciados nesses hábitos irreligiosos podem ser regulados pelos preceitos da escritura. Em nenhuma circunstância devem eles ser encorajados por qualquer estado. Em outras palavras, o estado deve parar categoricamente com toda espécie de jogos, bebedeiras, prostituição e falsidade. O estado que deseja erradicar a corrupção na maioria pode introduzir os princípios da religião da seguinte maneira:

1. Dois jejuns compulsórios por mês, se não mais (austeridade). Mesmo do ponto de vista econômico, esses dois dias de jejum por mês no estado pouparão toneladas de alimentos, e o sistema também atuará muito favoravelmente sobre a saúde geral dos cidadãos.

2. Deve haver casamento compulsório de rapazes e moças que alcancem as idades de vinte e quatro e dezesseis anos, respectivamente. Não há mal na coeducação nas escolas e faculdades, desde que os rapazes e moças sejam devidamente casados, e, no caso de qualquer ligação íntima entre rapazes e moças estudantes, eles devem ser casados adequadamente, sem relação ilícita. O ato do divórcio está incentivando a prostituição, e deve ser abolido.

3. Os cidadãos do estado devem dar em caridade até cinquenta por cento de sua renda com o propósito de criar uma atmosfera espiritual no estado ou na sociedade humana, tanto individual quanto coletivamente. Eles devem pregar os princípios do Bhāgavatam através de (a) karma-yoga, ou fazer tudo para a satisfação do Senhor, (b) audição regular do Śrīmad-Bhāgavatam da parte de pessoas autorizadas ou almas realizadas, (c) realizar o canto congregacional das glórias do Senhor no lar ou em locais de adoração, (d) prestar toda espécie de serviço aos bhāgavatas ocupados em pregar o Śrīmad-Bhāgavatam, e (e) residir num lugar onde a atmosfera esteja saturada de consciência de Deus. Se o estado se regular pelo processo acima, naturalmente haverá consciência de Deus em toda a parte.

Os jogos de qualquer espécie, mesmo os empreendimentos especulativos de negócios, são considerados degradantes, e, quando os jogos são estimulados no estado, a veracidade desaparece por completo. Permitir que rapazes e moças permaneçam solteiros além das idades acima mencionadas e licenciar matadouros de toda espécie são coisas que devem receber proibição de imediato. Os carnívoros podem receber permissão de comer carne da maneira mencionada nas escrituras, e não de outro modo. A intoxicação de qualquer espécie – mesmo fumar cigarros, mascar tabaco ou beber chá – deve ser proibida.

« Previous Next »