VERSO 35
yad atra kriyate karma
bhagavat-paritoṣaṇam
jñānaṁ yat tad adhīnaṁ hi
bhakti-yoga-samanvitam
yat — tudo o que; atra — nesta vida ou neste mundo; kriyate — executa; karma — trabalho; bhagavat — à Personalidade de Deus; paritoṣaṇam — satisfação de; jñānam — conhecimento; yat tat — que é assim chamado; adhīnam — dependente; hi — certamente; bhakti-yoga — devocional; samanvitam — encaixado em bhakti-yoga.
Qualquer trabalho que se faça aqui nesta vida para a satisfação da missão do Senhor chama-se bhakti-yoga, ou transcendental serviço amoroso ao Senhor, e aquilo que se chama conhecimento torna-se um fator concomitante.
SIGNIFICADO—A noção popular e geral é que, pela execução de trabalho fruitivo, de acordo com a orientação das escrituras, tornamo-nos perfeitamente capazes de adquirir conhecimento transcendental para a compreensão espiritual. Há quem considere bhakti-yoga como outra forma de karma. Porém, na verdade, bhakti-yoga está acima de karma e jñāna. Bhakti-yoga é independente de jñāna ou karma; por outro lado, jñāna e karma dependem de bhakti-yoga. Este kriyā-yoga, ou karma-yoga, conforme é recomendado por Śrī Nārada a Vyāsa, é especialmente recomendado porque o princípio é satisfazer o Senhor. O Senhor não quer que Seus filhos, os seres vivos, sofram as três espécies de misérias da vida. Ele deseja que todos venham a Ele e vivam com Ele, mas voltar ao Supremo significa que é preciso purificar-se das infecções materiais. Quando, portanto, se executa trabalho para satisfazer o Senhor, o executante purifica-se gradualmente da afeição material. Essa purificação significa o alcance de conhecimento espiritual. Portanto, conhecimento depende de karma, ou trabalho, feito em benefício do Senhor. Outro conhecimento, estando desprovido de bhakti-yoga, ou a satisfação do Senhor, não pode nos levar de volta ao reino de Deus, o que significa que não pode sequer oferecer a salvação, como já se explicou em relação com a estrofe naiṣkarmyam apy acyuta-bhāva-varjitam. Conclui-se que o devoto ocupado no serviço imaculado ao Senhor, especificamente no ouvir e cantar de Suas glórias transcendentais, torna-se simultaneamente iluminado na esfera espiritual pela divina graça, como se confirma na Bhagavad-gītā.