VERSO 52
yathā paṅkena paṅkāmbhaḥ
surayā vā surākṛtam
bhūta-hatyāṁ tathaivaikāṁ
na yajñair mārṣṭum arhati
yathā — assim como; paṅkena — pela lama; paṅka-ambhaḥ — água misturada com lama; surayā — pelo vinho; vā — ou; surākṛtam — impureza causada pelo leve contato com o vinho; bhūta-hatyām — matança de animais; tathā — assim; eva — certamente; ekām — uma; na — nunca; yajñaiḥ — pelos sacrifícios prescritos; mārṣṭum — neutralizar; arhati — é compensador.
Assim como não é possível filtrar a água lamacenta através da lama, nem purificar com vinho um pote sujo de vinho, não é possível neutralizar o pecado da matança de homens sacrificando animais.
SIGNIFICADO—Os aśvamedha-yajñas ou gomedha-yajñas, sacrifícios nos quais um cavalo ou um boi são sacrificados, não tinham, é claro, a finalidade de matar os animais. O Senhor Caitanya disse que esses animais sacrificados no altar do yajña eram rejuvenescidos, e uma nova vida lhes era dada. Isso simplesmente vinha provar a eficácia dos hinos dos Vedas. Pela recitação dos hinos dos Vedas de maneira adequada, certamente o executante se livra das reações dos pecados, mas, no caso de tais sacrifícios feitos inapropriadamente sob administração inexperiente, com certeza a pessoa tem de responsabilizar-se pelo sacrifício animal. Nesta era de desavenças e hipocrisia, não há possibilidade de executar os yajñas perfeitamente devido à carência de brāhmaṇas experientes que sejam capazes de conduzir tais yajñas. Mahārāja Yudhiṣṭhira, portanto, faz alusão à execução de sacrifícios na era de Kali. Em Kali-yuga, o único sacrifício recomendado é a execução do hari-nāma-yajña, inaugurado pelo Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu. Contudo, não devemos condescender com a matança de animais e neutralizá-la pela execução de hari-nāma-yajña. Aqueles que são devotos do Senhor nunca matam um animal por interesse próprio, e (como o Senhor ordenou a Arjuna) eles não se abstêm de executar seu dever de kṣatriya. Portanto, todo o propósito é satisfeito quando tudo é feito pela vontade do Senhor. Isso só é possível para os devotos.
Neste ponto, encerram-se os Significados Bhaktivedanta do primeiro canto, oitavo capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “Orações da Rainha Kuntī e a Salvação de Parīkṣit”.