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VERSO 18

eṣa vai bhagavān sākṣād
ādyo nārāyaṇaḥ pumān
mohayan māyayā lokaṁ
gūḍhaś carati vṛṣṇiṣu

eṣaḥ esse; vai — positivamente; bhagavān — a Personalidade de Deus; sākṣāt — original; ādyaḥ o primeiro; nārāyaṇaḥ — o Senhor Supremo (que Se deita sobre a água); pumān — o supremo desfrutador; mohayan — confundindo; māyayā por Sua energia autógena; lokam — os planetas; gūḍhaḥ que é inconcebível; carati — movimenta-Se; vṛṣṇiṣu — entre a família Vṛṣṇi.

Esse Śrī Kṛṣṇa não é outrem senão a inconcebível e original Personalidade de Deus. Ele é o primeiro Nārāyaṇa, o supremo desfrutador. Porém, Ele está Se movimentando entre os descendentes do rei Vṛṣṇi, assim como um de nós, e está nos confundindo com Sua energia autógena.

SIGNIFICADO—O sistema védico de adquirir conhecimento é o processo dedutivo. Recebe-se perfeitamente o conhecimento védico das autoridades, na sucessão discipular. Tal conhecimento não é dogmático de modo algum, como concebem erroneamente as pessoas menos inteligentes. A mãe é a autoridade para se verificar a identidade do pai. Ela é a autoridade para esse conhecimento confidencial. Portanto, a autoridade não é dogmática. Na Bhagavad-gītā, confirma-se essa verdade no segundo verso do quarto capítulo, e o sistema perfeito de aprendizagem é recebê-lo da autoridade. O mesmíssimo sistema é aceito universalmente como verdade, e apenas um argumentador falso pode manifestar-se contra ele. Por exemplo, as espaçonaves modernas voam no céu, e, quando os cientistas dizem que elas viajam até o outro lado da Lua, os homens acreditam cegamente nessas histórias porque aceitam os cientistas modernos como autoridades. As autoridades falam, e as pessoas em geral acreditam nelas. Porém, no caso das verdades védicas, eles têm sido orientados a não acreditar nelas. E mesmo que as aceitem, dão-lhes uma interpretação diferente. Cada homem precisa de uma percepção direta do conhecimento védico, mas cometem a tolice de negá-lo. Isso significa que os homens desorientados podem acreditar numa autoridade, o cientista, mas rejeitarão a autoridade dos Vedas. O resultado é que as pessoas têm se degenerado.

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Aqui uma autoridade está falando sobre Śrī Kṛṣṇa como a original Personalidade de Deus e o primeiro Nārāyaṇa. Mesmo um impersonalista tal como o ācārya Śaṅkara diz, no começo de seu comentário sobre a Bhagavad-gītā, que Nārāyaṇa, a Personalidade de Deus, está além da criação material. O universo é uma das criações materiais, mas Nārāyaṇa é transcendental a essa parafernália material.

Bhīṣmadeva é um dos doze mahājanas que conhecem os princípios do conhecimento transcendental. Sua confirmação de que o Senhor Śrī Kṛṣṇa é a Personalidade de Deus original também é corroborada pelo impersonalista Śaṅkara. Todos os outros ācāryas também confirmam essa afirmação, e, desse modo, não há alternativa a não ser aceitar o Senhor Śrī Kṛṣṇa como a original Personalidade Deus. Bhīṣmadeva diz que Ele é o primeiro Nārāyaṇa. Isso também é confirmado por Brahmājī no Bhāgavatam (10.14.14). Kṛṣṇa é o primeiro Nārāyaṇa. No mundo espiritual (Vaikuṇṭha), há um número ilimitado de Nārāyaṇas, que são todos a mesma Personalidade de Deus e são considerados como expansões plenárias da original Personalidade de Deus, Śrī Kṛṣṇa. A primeira forma do Senhor Śrī Kṛṣṇa expande-Se inicialmente como a forma de Baladeva, e Baladeva expande-Se em muitas outras formas, tais como Saṅkarṣaṇa, Pradyumna, Aniruddha, Vāsudeva, Nārāyaṇa, Puruṣa, Rāma e Nṛsiṁha. Todas essas expansões são o mesmo viṣṇu-tattva, e Śrī Kṛṣṇa é a fonte original de todas as expansões plenárias. Portanto, Ele é diretamente a Personalidade de Deus. Ele é o criador do mundo material, e é a Deidade predominante conhecida como Nārāyaṇa em todos os planetas Vaikuṇṭha. Portanto, Seus movimentos entre os seres humanos são outra espécie de desorientação. Portanto, o Senhor diz na Bhagavad-gītā que os tolos O consideram como um dos seres humanos, sem conhecer as complexidades de Seus movimentos.

A desorientação a respeito de Śrī Kṛṣṇa deve-se à ação de Suas duplas energias, interna e externa, sobre a terceira, chamada de energia marginal. As entidades vivas são expansões de Sua energia marginal e, assim sendo, elas são desnorteadas ora pela energia interna, ora pela energia externa. Através do desnorteamento energético interno, Śrī Kṛṣṇa expande-Se em um número ilimitado de Nārāyaṇas e intercambia ou aceita transcendental serviço amoroso das entidades vivas no mundo transcendental. E através de Suas expansões energéticas externas, Ele Se encarna no mundo material, entre os homens, animais ou semideuses, para restabelecer Sua relação esquecida com as entidades vivas, em diferentes espécies de vida. Grandes autoridades, como Bhīṣma, contudo, escapam de Sua desorientação pela misericórdia do Senhor.

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