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VERSO 39

vijaya-ratha-kuṭumbha ātta-totre
dhṛta-haya-raśmini tac-chriyekṣaṇīye
bhagavati ratir astu me mumūrṣor
yam iha nirīkṣya hatā gatāḥ sva-rūpam

vijaya — Arjuna; ratha — quadriga; kuṭumbe — objeto de proteção a qualquer custo; ātta-totre — com um chicote na mão direita; dhṛta-haya — controlando os cavalos; raśmini — rédeas; tat-śriyā — pondo-Se belamente de pé; īkṣaṇīye — olhar para; bhagavati — à Personalidade de Deus; ratiḥ astu — que minha atração seja; me — minha; mumūrṣoḥ — aquele que está para morrer; yam — a quem; iha — neste mundo; nirīkṣya — olhando; hatāḥ — aqueles que morreram; gatāḥ alcançaram; sva-rūpam — forma original.

No momento da morte, que minha atração final seja por Kṛṣṇa, a Personalidade de Deus. Eu concentro minha mente no quadrigário de Arjuna que Se colocou de pé com um chicote em Sua mão direita e uma rédea em Sua mão esquerda, e que era muito cuidadoso em proteger a quadriga de Arjuna de todos os modos. Aqueles que O viram no Campo de Batalha de Kurukṣetra alcançaram suas formas originais após a morte.

SIGNIFICADO—O devoto puro do Senhor vê constantemente a presença do Senhor dentro de si mesmo, por estar transcendentalmente relacionado mediante o serviço amoroso. Esse devoto puro não pode esquecer o Senhor por nenhum momento. Isso se chama transe. O místico (yogī) tenta concentrar-se na Superalma, restringindo os sentidos de todas as outras ocupações, e, dessa maneira, ele finalmente alcança o samādhi. O devoto alcança mais facilmente o samādhi, ou transe, lembrando-se constantemente do aspecto pessoal do Senhor, juntamente com Seu santo nome, fama, passatempos, etc. Portanto, a concentração do yogī místico e a do devoto não estão no mesmo nível. A concentração do místico é mecânica, ao passo que a do devoto puro é natural, em amor puro e afeição espontânea. Bhīṣmadeva era um devoto puro e, como um marechal militar, ele constantemente se lembrava do aspecto marcial do Senhor, como Pārtha-sārathi, o quadrigário de Arjuna. Portanto, o passatempo do Senhor como Pārtha-sārathi também é eterno. Os passatempos do Senhor, começando pelo Seu nascimento na prisão de Kaṁsa até a mauśala-līlā no final, todos acontecem um após o outro em todos os universos, assim como o ponteiro de um relógio move-se de um ponto a outro. E, em tais passatempos, Seus associados, como os Pāṇḍavas e Bhīṣma, são companheiros constantes e eternos. Assim, Bhīṣmadeva jamais esqueceu o belo aspecto do Senhor como Pārtha-sārathi, que nem mesmo Arjuna pôde ver. Arjuna estava atrás do belo Pārtha-sārathi, enquanto Bhīṣmadeva estava bem de frente para o Senhor. Quanto ao aspecto militar do Senhor, Bhīṣmadeva o observou com mais prazer que Arjuna.

Todos os soldados e pessoas presentes no Campo de Batalha de Kurukṣetra alcançaram sua forma espiritual original semelhante à do Senhor após sua morte, pois, pela misericórdia sem causa do Senhor, eles foram capazes de vê-lO face a face naquela ocasião. As almas condicionadas que giram no ciclo evolutivo, desde os seres aquáticos até a forma de Brahmā, estão todas na forma de māyā, ou a forma obtida pelo mérito das próprias ações e concedida pela natureza material. As formas materiais das almas condicionadas são todas roupagens estranhas, e, quando a alma condicionada se liberta das garras da energia material, ela alcança sua forma original. Os impersonalistas querem alcançar a refulgência Brahman impessoal do Senhor, mas isso de modo algum faz parte da natureza das centelhas vivas, partes integrantes do Senhor. Portanto, os impersonalistas novamente caem e obtêm formas materiais, que são completamente falsas para a alma espiritual. Uma forma espiritual como a do Senhor, seja de dois ou de quatro braços, é alcançada pelos devotos do Senhor nos Vaikuṇṭhas ou no planeta Goloka, de acordo com a natureza original da alma. Essa forma, que é cem por cento espiritual, é o svarūpa do ser vivo, e todos os seres vivos que participaram no Campo de Batalha de Kurukṣetra, de ambos os lados, alcançaram seu svarūpa, como foi confirmado por Bhīṣmadeva. Desse modo, o Senhor Śrī Kṛṣṇa não foi misericordioso apenas com os Pāṇḍavas; Ele também foi misericordioso com os outros grupos, pois todos eles alcançaram o mesmo resultado. Bhīṣmadeva também queria a mesma facilidade, e essa foi sua prece ao Senhor, embora sua posição como associado do Senhor estivesse assegurada em qualquer circunstância. A conclusão é que qualquer pessoa que morra olhando para a Personalidade de Deus, interna ou externamente, alcança seu svarūpa, o que é a perfeição máxima da vida.

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