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VERSO 17

bhūmir dṛpta-nṛpa-vyāja-
daityānīka-śatāyutaiḥ
ākrāntā bhūri-bhāreṇa
brahmāṇaṁ śaraṇaṁ yayau

bhūmiḥ — a mãe Terra; dṛpta — arrogantes; nṛpa-vyāja — fazendo-se passar por reis, ou o supremo poder personificado do Estado; daitya — dos demônios; anīka — de falanges militares de soldados; śata-ayutaiḥ — ilimitadamente, por muitas centenas de milhares; ākrān­tā — estando sobrecarregada; bhūri-bhāreṇa — por um desnecessário fardo de poder bélico; brahmāṇam — ao senhor Brahmā; śaraṇam — para refugiar-se; yayau — foi.

Certa vez, quando estava sobrecarregada por centenas e milhares de falanges militares de vários demônios presunçosos que se faziam passar por reis, a mãe Terra aproximou-se do senhor Brahmā em busca de alívio.

SIGNIFICADO—Quando o mundo está sobrecarregado por excessivos arranjos militares e quando os reis demoníacos se apresentam como líderes executivos do Estado, esse fardo ocasiona o aparecimento da Suprema Personalidade de Deus. Como o Senhor diz na Bhagavad-gītā (4.7):

yadā yadā hi dharmasya
glānir bhavati bhārata
abhyutthānam adharmasya
tadātmānaṁ sṛjāmy aham

“Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e uma ascensão predominante de irreligião – aí então Eu próprio desço.” Ao tornarem-se ateístas ímpios, os habitantes desta Terra assumem condições animalescas de cães e porcos, e assim sua única ocupação é latir uns para os outros. Isso é dharmasya glāni, afastar-se da meta da vida. Na vida humana, deve-se alcançar a perfeição máxima, a consciência de Kṛṣṇa, mas, quando a população é ímpia e os presidentes ou reis or­gulham-se excessivamente de seu poder militar, a atividade deles é lutar e aumentar a força militar de seus respectivos Estados. Hoje em dia, portanto, parece que cada Estado está sempre atarefado em fabricar armas atômicas para preparar-se para uma terceira guerra mundial. Esses preparativos certamente são desnecessários; eles refletem o falso orgulho dos líderes do Estado. A verdadeira obrigação do líder executivo é zelar pela felicidade da massa de pessoas, treinando-a em consciência de Kṛṣṇa, nos diferentes setores da vida. Cātur-varṇyaṁ mayā sṛṣṭaṁ guṇa-karma-vibhāgaśaḥ (Bhagavad-gītā 4.13). O líder deve treinar a população como brāhmaṇas, kṣatriyas, vaiśyas e śūdras, e ocupá-la nos diversos ofícios, ajudando-a assim a progredir rumo à consciência de Kṛṣṇa. Em vez disso, entretanto, os ladrões e assaltantes disfarçados de protetores organizam um sistema eleito­ral e, em nome da democracia, chegam ao poder por bem ou por mal e exploram os cidadãos. Mesmo há um tempo bem remoto, os asuras, pessoas desprovidas de consciência de Deus, tornaram-se lí­deres do Estado, e agora isso voltou a acontecer. Os vários Estados do mundo estão preocupados em armar-se de forças militares. Às vezes, eles destinam sessenta e cinco por cento da arrecadação governamen­tal para esse propósito. Porém, por que deveria ser gasto dessa ma­neira o dinheiro que o povo conseguiu a duras penas? Devido à atual situação do mundo, Kṛṣṇa desceu sob a forma do movimento da consciência de Kṛṣṇa. Isso é completamente natural, pois, sem o movimento da consciência de Kṛṣṇa, o mundo não pode ser pacífico nem feliz.

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