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VERSO 25

viṣṇor māyā bhagavatī
yayā sammohitaṁ jagat
ādiṣṭā prabhuṇāṁśena
kāryārthe sambhaviṣyati

viṣṇoḥ māyā — a potência da Suprema Personalidade de Deus, Viṣṇu; bhagavatī — em nível de igualdade com Bhagavān e, portanto, conhecida como Bhagavatī; yayā — por quem; sammohitam — cativados; jagat — todos os mundos, tanto materiais quanto espirituais; ādiṣṭā — sendo ordenada; prabhuṇā — pelo mestre; aṁśena — com seus diferentes fatores potenciais; kārya-arthe — para realizar tarefas; sambhaviṣyati — também apareceria.

A potência do Senhor, conhecida como viṣṇu-māyā, que está em nível de igualdade com a Suprema Personalidade de Deus, também aparecerá com o Senhor Kṛṣṇa. Essa potência, agindo com diferentes poderes, cativa todos os mundos, tanto materiais quanto espirituais. A pedido do seu mestre, ela aparecerá com suas diferentes potên­cias para executar o trabalho do Senhor.

SIGNIFICADO—Parāsya śaktir vividhaiva śrūyate (Śvetāśvatara Upaniṣad 6.8). Os Vedas dizem que as potências da Suprema Personalidade de Deus são chamadas por diferentes nomes, tais como yogamāyā e mahāmāyā. Em última análise, entretanto, a potência do Senhor é una, exatamente como a potência elétrica é una, embora possa agir tanto para esfriar quanto para aquecer. A potência do Senhor age nos mundos espiritual e material. No mundo espiritual, a potência do Senhor funciona como yogamāyā, e, no mundo material, a mesma potência atua como mahāmāyā, exatamente como a eletricidade fun­ciona tanto em um aquecedor quanto em um refrigerador. No mundo material, essa potência, funcionando como mahāmāyā, age sobre as almas condicionadas para privá-las cada vez mais do serviço devo­cional. Afirma-se que yayā sammohito jīva ātmānaṁ tri-guṇātmakam. No mundo material, a alma condicionada julga-se um produto de tri-guṇa, os três modos da natureza material. Esse conceito de vida é corpóreo. Por associarem-se com os três guṇas da potência material, todos se identificam com seus corpos. Um indivíduo pensa que é brāhmaṇa, outro pensa que é kṣatriya, enquanto um terceiro pensa que é vaiśya ou śūdra. Na verda­de, porém, ninguém é brāhmaṇa, kṣatriya, vaiśya ou śūdra; todos são partes integrantes do Senhor Supremo (mamaivāṁśaḥ), mas, como está coberta pela energia material, mahāmāyā, a pessoa assume essas diferentes identificações. Entretanto, ao libertar-se, a alma condicionada sabe que ela é serva eterna de Kṛṣṇa. Jīvera ‘svarūpa’ haya-kṛṣṇera ‘nitya-dāsa’. Quando ela chega a essa posição, a mesma potência, agora agindo como yogamāyā, ajuda-a a purificar­-se progressivamente e a empregar sua energia a serviço do Senhor.

Em qualquer caso, quando a alma é condicionada ou liberada, o Senhor é Supremo. Como se afirma na Bhagavad-gītā (9.10), mayā­dhyakṣeṇa prakṛtiḥ sūyate sa-carācaram: é obedecendo à ordem da Suprema Personalidade de Deus que a energia material, mahāmāyā, age sobre a alma condicionada.

prakṛteḥ kriyamāṇāni
guṇaiḥ karmāṇi sarvaśaḥ
ahaṅkāra-vimūḍhātmā
kartāham iti manyate

“Confusa, a alma espiritual que está sob a influência do falso ego julga-se a autora das atividades que, de fato, são executadas pelos três modos da natureza material.” (Bhagavad-gītā 3.27) Na vida condicionada, ninguém tem liberdade, mas, como a pessoa se desorienta e se sujeita às normas de mahāmāyā, ela comete a tolice de julgar-se independente (ahaṅkāra-vimūḍhātmā kartāham iti manyate). Porém, ao libertar-se executando o serviço devocional, a alma condicionada recebe a oportu­nidade cada vez maior de saborear um relacionamento com a Suprema Personalidade de Deus, em diferentes níveis transcendentais, como dāsya-rasa, sakhya-rasa, vātsalya-rasa e mādhurya-rasa.

Logo, a potência do Senhor, viṣṇu-māyā, tem dois aspectos: āvaraṇikā e unmukha. Quando o Senhor apareceu, Sua potência veio com Ele e agiu de diferentes maneiras. Com Yaśodā, Devakī e outros associados íntimos do Senhor, ela agiu como yogamāyā, e com Kaṁsa, Śalva e outros asuras, agiu de maneira diferente. Por ordem do Senhor Kṛṣṇa, Sua potência yogamāyā veio com Ele e manifestou diferentes atividades de acordo com o tempo e as circuns­tâncias (kāryārthe sambhaviṣyati). Yogamāyā agiu diferentemente para executar os diversos propósitos desejados pelo Senhor. Como se confirma na Bhagavad-gītā (9.13), mahātmānas tu māṁ pārtha daivīṁ prakṛtim āśritāḥ. Os mahātmās, que se rendem por completo aos pés de lótus do Senhor, são dirigidos por yogamāyā, ao passo que os durātmās, aqueles que não praticam o serviço devocional, são dirigidos por mahāmāyā.

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