VERSO 6
taḍidvanto mahā-meghāś
caṇḍa-śvasana-vepitāḥ
prīṇanaṁ jīvanaṁ hy asya
mumucuḥ karuṇā iva
taḍit-vantaḥ — exibindo relâmpagos; mahā-meghāḥ — as grandes nuvens; caṇḍa — feroz; śvasana — pelo vento; vepitāḥ — agitadas; prīṇanam — o prazer; jīvanam — sua vida (sua água); hi — de fato; asya — deste mundo; mumucuḥ — soltavam; karuṇāḥ — personalidades misericordiosas; iva — assim como.
Reluzindo com relâmpagos, grandes nuvens eram agitadas e varridas por ventos ferozes. Assim como pessoas misericordiosas, as nuvens davam suas vidas em prol do prazer deste mundo.
SIGNIFICADO—Assim como eminentes personalidades compassivas às vezes dão suas vidas ou riquezas em prol da felicidade da sociedade, as nuvens de chuva despejavam sua chuva sobre a terra ressequida. Embora se dissipassem dessa maneira, as nuvens proviam chuva de graça para a felicidade da terra.
Em Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, Śrīla Prabhupāda faz o seguinte comentário sobre este verso: “Durante a estação das chuvas, há ventos fortes soprando por todo o país e levando as nuvens de um lugar para outro para distribuir água. Quando há necessidade urgente de água depois da estação do verão, as nuvens são como um homem rico que, em tempos de necessidade, distribui seu dinheiro mesmo esgotando todo o seu tesouro. Assim também, as nuvens se esgotam distribuindo água por toda a superfície do globo.”
O comentário de Śrīla Prabhupāda continua: “Quando Mahārāja Daśaratha, pai do Senhor Rāmacandra, lutava contra seus inimigos, era como um agricultor arrancando pela raiz plantas e árvores desnecessárias. E quando dava caridade, ele distribuía dinheiro exatamente como a nuvem distribui chuva. A distribuição da chuva pelas nuvens é tão suntuosa que se compara à distribuição de riqueza por uma pessoa de grande generosidade. O volume de água da nuvem é tão abundante que as chuvas caem até mesmo sobre rochas e colinas e sobre o oceano e os mares, onde não há necessidade de água. É como uma pessoa caridosa que abre seu tesouro para distribuição e que não discrimina se a caridade é necessária ou não. Ele faz caridade prodigamente.”
Em linguagem metafórica, o relâmpago nas nuvens de chuva significa a luz pela qual elas veem a condição aflitiva da terra, e os ventos que sopram são sua pesada respiração, como a de alguém aflito. Angustiadas ao verem a condição da terra, as nuvens tremem com o vento assim como uma pessoa compassiva. Elas, então, derramam suas chuvas.