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VERSO 29

śrī-patnya ūcuḥ
maivaṁ vibho ’rhati bhavān gadituṁ nr-śaṁsaṁ
satyaṁ kuruṣva nigamaṁ tava pāda-mūlam
prāptā vayaṁ tulasi-dāma padāvasṛṣṭaṁ
keśair nivoḍhum atilaṅghya samasta-bandhūn

śrī-patnyaḥ ūcuḥ — as esposas dos brāhmaṇas disseram; — não; evam — dessa maneira; vibho — ó Senhor onipotente; arhati — deveis; bhavān — Vós; gaditum — falar; nṛ-śaṁsam — asperamente; satyam — verdadeira; kuruṣva — por favor, fazei; nigamam — a promessa dada na escritura revelada; tava — Vossos; pāda-mūlam — a base dos pés de lótus; prāptāḥ — tendo obtido; vayam — nós; tulasi-dāma — a guirlanda de folhas de tulasī; padā — por Vosso pé; avasṛṣṭam — chutada com negligência; keśaiḥ — sobre nosso cabelo; nivoḍhum — para carre­gar; atilaṅghya — rejeitando; samasta — todos; bandhūn — os parentes.

As esposas dos brāhmaṇas responderam: Ó todo-poderoso, por favor, não faleis palavras tão cruéis. Em vez disso, deveis cum­prir Vossa promessa de sempre retribuir Vossos devotos de acordo. Agora que alcançamos Vossos pés de lótus, só queremos permanecer aqui na floresta para podermos levar sobre nossas cabeças as guirlandas de folhas de tulasī que porventu­ra chutardes desdenhosamente com Vossos pés de lótus. Estamos prontas para abandonar todos os relacionamentos mundanos.

SIGNIFICADONesta passagem, as esposas dos brāhmaṇas dizem algo semelhante ao que dizem as gopīs no início da dança da rāsa (Śrīmad-Bhāgavatam 10.29.31) quando o Senhor Kṛṣṇa pede-lhes que voltem para casa. Assim como neste verso, a fala das gopīs começa com as palavras maivaṁ vibho ’rhati bhavān gadituṁ nṛ-śaṁsam.

Nigama refere-se à literatura védica, que declara que alguém que se rende aos pés de lótus do Senhor não retorna a este mundo ma­terial. Dessa maneira, as esposas dos brāhmaṇas apelaram ao Senhor dizendo que, como se haviam rendido a Ele, era injusto Ele lhes or­denar que voltassem a seus maridos materialistas.

Segundo Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, o Senhor Kṛṣṇa talvez tenha salientado às esposas dos brāhmaṇas: “Vós, jovens damas, sois membros da aristocrática comunidade brāhmaṇa, então como podeis render-vos aos pés de um mero vaqueirinho?”

A isso, as damas talvez tenham respondido: “Visto que já nos rendemos a Vossos pés de lótus e visto que desejamos tornar-nos Vossas servas, é óbvio que não estamos mantendo uma identificação falsa como membros da dita comunidade brāhmaṇa. Podeis facilmente verificar isso através de nossas palavras.”

O Senhor Kṛṣṇa talvez tenha respondido: “Sou um vaqueirinho, e Minhas servas e namoradas apropriadas são as vaqueirinhas, as gopīs.”

As damas talvez tenham respondido: “É verdade. Que assim o sejam. Deixai que elas brilhem, caso fiqueis embaraçado diante de Vossos parentes por fazer mulheres brāhmaṇas se tornarem servas Vossas. Sem dúvida, não queremos deixar-Vos embaraçado. Não iremos para Vossa vila, senão que permaneceremos em Vṛndāvana como deidades regentes da floresta. Só desejamos aperfeiçoar nossas vidas mediante até mesmo um leve vestígio de conexão conVosco.”

Dessa maneira, através da percepção espiritual de Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, aprendemos que as esposas dos brāhmaṇas ofe­receram-se para permanecer à distância e apenas recolher as folhas de tulasī que caíssem dos pés de lótus de Kṛṣṇa ou que fossem pi­sadas pelos pés de Suas namoradas quando Ele as abraçasse.

As damas ofereceram-se para levar sobre a cabeça essas folhas de tulasī. Renunciando assim o desejo de se tornarem namoradas ou servas íntimas de Kṛṣṇa (posição que sabiam ser difícil de alcançar), as jovens mulheres brāhmaṇas pediram para ficar na floresta de Vṛndāvana. Se, depois, o Senhor tivesse perguntado: “Então, o que dirão os membros de vossas famílias?”, elas teriam respondido: “Já transcen­demos nossos pretensos parentes porque estamos vendo Vossa Pessoa, o Senhor Supremo, face a face.”

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