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VERSO 22

ayaṁ tv asabhyas tava janma nau gṛhe
śrutvāgrajāṁs te nyavadhīt sureśvara
sa te ’vatāraṁ puruṣaiḥ samarpitaṁ
śrutvādhunaivābhisaraty udāyudhaḥ

ayam — este (patife); tu — mas; asabhyaḥ — que não é nem um pouco civilizado (asura significa “incivilizado”, e sura, “civilizado”); tava — de Vossa Onipotência; janma — o nascimento; nau — nosso; gṛhe — no lar; śrutvā — após ouvir sobre; agrajān te — todos os irmãos nascidos antes de Vós; nyavadhīt — mortos; sura-īśvara — ó Senhor dos suras, as pessoas civilizadas; saḥ — ele (o incivilizado Kaṁsa); te — Vosso; avatāram — aparecimento; puruṣaiḥ — pelos seus comissários; samar­pitam — sendo informado de; śrutvā — após ouvir; adhunā — agora; eva — na verdade; abhisarati — virá imediatamente; udāyudhaḥ — brandindo armas.

Ó meu Senhor, Senhor dos semideuses, após ouvir a profecia de que nasceríeis em nosso lar e o mataríeis, esse incivilizado Kaṁsa matou muitos de Vossos irmãos mais velhos. Logo que seus comissários lhe contarem que aparecestes, ele virá imediatamente com armas para matar-Vos.

SIGNIFICADO—Kaṁsa é aqui descrito como asabhya, que significa “inciviliza­do” ou “muito odioso”, porque matou muitos filhos de sua irmã. Ao ouvir a profecia de que seria morto pelo oitavo filho dela, esse homem incivilizado, Kaṁsa, preparou-se imediatamente para matar sua irmã inocente na ocasião de seu casamento. Em troca da satisfa­ção dos seus sentidos, um homem incivilizado pode tomar qualquer atitude. Ele pode matar crianças, pode matar vacas, pode matar brāhmaṇas, pode matar pessoas idosas; ele não tem misericórdia de ninguém. De acordo com a civilização védica, vacas, mulheres, crianças, anciãos e brāhmaṇas devem ser perdoados se cometerem erros. Mas os asuras, os homens incivilizados, não se importam com isso. No momento atual, a matança de vacas e a matança de crianças prosseguem irrestritamente, de modo que essa civilização não é humana de modo algum, e aqueles que conduzem essa civilização condenada são asuras incivilizados.

Esses homens incivilizados não veem com bons olhos o movimento da consciência de Kṛṣṇa. Como funcionários públicos, eles não hesitam em declarar que o canto do movimento Hare Kṛṣṇa é um estorvo, embora a Bhagavad-gītā diga claramente que satataṁ kīrtayanto māṁ yatantaś ca dṛḍha-vratāḥ. De acordo com esse verso, é dever dos mahātmās cantar o mantra Hare Kṛṣṇa e usar toda a sua habili­dade para tentar espalhá-lo mundo afora. Infelizmente, a sociedade está em uma situação tão incivilizada que existem pretensos mahātmās que estão dispostos a matar vacas e crianças e acabar com o movi­mento Hare Kṛṣṇa. Exemplo dessas atividades incivilizadas é o fato de que há pessoas que fizeram oposição ao centro que o movimento Hare Kṛṣṇa construía em Bombaim, de nome Hare Kṛṣṇa Land. Assim como Kaṁsa não poderia matar o belo filho de Devakī e Vasudeva, a sociedade incivilizada, embora descontente com o avanço do mo­vimento da consciência de Kṛṣṇa, não terá condições de sustá-lo. Entretanto, teremos de enfrentar muitas dificuldades, de muitas maneiras diferentes. Embora Kṛṣṇa não pudesse ser morto, Vasudeva, como pai de Kṛṣṇa, tinha medo, pois, movido por sua afeição, pensava que Kaṁsa viria imediatamente para matar seu filho. Do mesmo modo, embora o movimento da consciência de Kṛṣṇa e Kṛṣṇa não sejam diferentes e não haja asura algum que possa destruí-lo, ficamos com medo de que, a qualquer momento, os asuras acabem sustando este movimento em alguma parte do mundo.

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