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VERSO 27

martyo mṛtyu-vyāla-bhītaḥ palāyan
lokān sarvān nirbhayaṁ nādhyagacchat
tvat pādābjaṁ prāpya yadṛcchayādya
susthaḥ śete mṛtyur asmād apaiti

martyaḥ — as entidades vivas que com certeza morrerão; mṛtyu­-vyāla-bhītaḥ — com medo da serpente da morte; palāyan — correndo (logo que vê uma serpente, a pessoa foge, temendo a morte imedia­ta); lokān — a diferentes planetas; sarvān — todos; nirbhayam — deste­mor; na adhyagacchat — não obtêm; tvat-pāda-abjam — de Vossos pés de lótus; prāpya — obtendo o refúgio; yadṛcchayā — por acaso, por misericórdia de Vossa Onipotência e de Vosso representante, o mestre espiritual (guru-kṛpā, kṛṣṇa-kṛpā); adya — presentemente; su­-sthaḥ — sendo imperturbáveis e mentalmente equilibradas; śete — dormem; mṛtyuḥ — morte; asmāt — dessas pessoas; apaiti — foge.

Nem mesmo fugindo para qualquer planeta, ninguém neste mundo material jamais se libertou dos quatro princípios: nascimento, morte, velhice e doença. Mas agora que aparecestes, meu Senhor, a morte foge com medo de Vós, e as entidades vivas, tendo por Vossa misericórdia obtido refúgio a Vossos pés de lótus, dormem com plena paz mental.

SIGNIFICADO—Existem diversas categorias de entidades vivas, mas todos temem a morte. A meta máxima dos karmīs é promoverem-se aos planetas celestiais superiores, onde a duração de vida é muito longa. Como se afirma na Bhagavad-gītā (8.17), sahasra-yuga-paryantam ahar yad brahmaṇo viduḥ: um dia de Brahmā é igual a 1000 yugas, e cada yuga consiste em 4.300.000 anos. Igualmente, a noite de Brahmā dura 1000 vezes 4.300.000 anos. Por esse método, pode-se calcular o mês e o ano de Brahmā, mas mesmo Brahmā, que vive milhões e milhões de anos (dvi-parārdha-kāla), também tem de morrer. De acordo com os śāstras védicos, os habitantes dos sistemas planetários superiores vivem 10.000 anos, e assim como se calcula que o dia de Brahmā equivale a 4.300.000.000 de nossos anos, um dia nos sis­temas planetários superiores é igual a 6 de nossos meses. Os karmīs, portanto, tentam promover-se aos sistemas planetários superiores, mas isso não os livrará da morte. Neste mundo material, todos, desde Brahmā até a formiga insignificante, têm de morrer. Portanto, este mundo se chama martya-loka. Como Kṛṣṇa diz na Bhagavad-gītā (8.16), ābrahma-bhuvanāl lokāḥ punar āvartino ’rjuna: enquanto alguém estiver dentro deste mundo material, seja em Brahmaloka, seja em qualquer outro loka dentro deste universo, ele terá de submeter-se ao kāla-cakra, ou seja, sujeitar-se a vidas e mais vidas (bhūtvā bhūtvā pralīyate). Todavia, se retornar à Suprema Personalidade de Deus (yad gatvā na nivartante), ele não precisará reingressar nos li­mites do tempo. Portanto, os devotos que se refugiaram nos pés de lótus do Senhor Supremo podem dormir muito pacificamente com esta garantia dada pela Suprema Personalidade de Deus. Como se confirma na Bhagavad-gītā (4.9), tyaktvā dehaṁ punar janma naiti: após abandonar o corpo atual, o devoto que entende Kṛṣṇa como Ele é não precisa retornar a este mundo material.

A posição constitucional da entidade viva é a eternidade (na hanyate hanyamāne śarīre, nityaḥ śāśvato ’yam). Toda entidade viva é eterna. Porém, por ter caído neste mundo material, a pessoa vagueia dentro do universo, mudando continuamente de um corpo a outro. Caitanya Mahāprabhu diz:

brahmāṇḍa bhramite kona bhāgyavān jīva
guru-kṛṣṇa-prasāde pāya bhakti-latā-bīja

(Caitanya-caritāmṛta, Madhya 19.151)

Todos estão vagando pelas regiões superiores e inferiores deste universo, mas aquele que é assaz afortunado entra em contato com a consciência de Kṛṣṇa através da misericórdia do mestre espiritual e adota o caminho do serviço devocional. Então, fica-lhe garantida a vida eterna, sem medo da morte. Quando Kṛṣṇa aparece, todos se livram do medo da morte, mas o sentimento de Devakī era o seguinte: “Ainda te­memos Kaṁsa, embora tenhais aparecido como nosso filho.” Ela estava mais ou menos confusa, não sabendo exatamente a razão daquilo, e recorreu ao Senhor pedindo-Lhe que a libertasse desse medo e fizesse o mesmo por Vasudeva.

Com relação a isso, pode-se notar que a Lua é um dos planetas celestiais. Sabemos através da literatura védica que, quando alguém vai à Lua, recebe uma vida que dura dez mil anos, por intermédio da qual goza os frutos de suas atividades piedosas. Se nossos supos­tos cientistas estão indo à Lua, por que deveriam voltar para cá? Devemos indubitavelmente concluir que eles não foram à Lua. Para ir à Lua, a pessoa deve qualificar-se com atividades piedosas. Então, ela poderá viver ali. Se alguém foi à Lua, por que teria retornado a este planeta, onde a vida tem uma curtíssima duração?

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