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VERSO 28

sa tvaṁ ghorād ugrasenātmajān nas
trāhi trastān bhṛtya-vitrāsa-hāsi
rūpaṁ cedaṁ pauruṣaṁ dhyāna-dhiṣṇyaṁ
mā pratyakṣaṁ māṁsa-dṛśāṁ kṛṣīṣṭhāḥ

saḥ — Vossa Onipotência; tvam — Vós; ghorāt — terrivelmente feroz; ugrasena-ātmajāt — do filho de Ugrasena; naḥ — a nós; trāhi — por favor, protegei; trastān — que temos muito medo (dele); bhṛtya-vitrāsa-hā asi — sois naturalmente o destruidor do medo que há em Vossos servos; rūpam — em Vossa forma de Viṣṇu; ca — também; idam — esta; pauruṣam — como a Suprema Personalidade de Deus; dhyāna-dhiṣṇyam — que é apreciada através da meditação; mā — não; pratyakṣam — diretamente visível; māṁsa-dṛśām — àqueles que veem com olhos materiais; kṛṣīṣṭhāḥ — por favor, sede.

Meu Senhor, visto que dissipais todo o temor sentido por Vossos devotos, peço-Vos que nos salveis e nos protejais do terrível medo produzido por Kaṁsa. Vossa forma de Viṣṇu, a Suprema Personali­dade de Deus, é apreciada pelos yogīs meditativos. Por favor, tornai essa forma invisível àqueles que veem com olhos materiais.

SIGNIFICADO—Neste verso, a palavra dhyāna-dhiṣṇyam é significativa porque os yogīs meditam na forma do Senhor Viṣṇu (dhyānāvasthita-tad-gatena manasā paśyanti yaṁ yoginaḥ). Devakī pediu que o Senhor, que lhe aparecera como Viṣṇu, não manifestasse aquela forma, pois queria ver o Senhor como uma criança comum, do jeito de uma criança que é apreciada por pessoas que têm olhos materiais. Devakī queria ver se a Suprema Personalidade de Deus realmente aparecera ou se estava sonhando com a forma de Viṣṇu. Se Kaṁsa viesse, pensava ela, ele imediatamente mataria a criança ao ver a forma de Viṣṇu, mas, se visse uma criança humana, poderia reconsiderar. Devakī temia Ugrasena-ātmaja, isto é, ela não temia Ugrasena e seus par­ceiros, mas o filho de Ugrasena. Assim, ela pediu que o Senhor dissipasse aquele temor, uma vez que Ele sempre está disposto a proteger (abhayam) Seus devotos. “Meu Senhor”, rogou ela, “peço-Vos que me salveis das mãos cruéis do filho de Ugrasena, Kaṁsa. Estou orando a Vossa Onipotência pedindo que, por favor, libertai-me desta condição temerosa, pois sempre estais disposto a proteger Vossos servos.” Na Bhagavad-gītā, o Senhor confirma essa afirmação ao garantir a Arjuna: “Podes declarar ao mundo: Meu devoto jamais perecerá.”

Enquanto orava ao Senhor pedindo redenção, mãe Devakī expres­sou sua afeição materna: “Entendo que esta forma transcendental geralmente é percebida pelos grandes sábios em suas meditações, mas continuo com medo porque, logo que perceba que aparecestes, Kaṁsa procurará incomodar-Vos. Logo, peço que, por enquanto, Vos torneis invisível aos nossos olhos materiais.” Em outras palavras, ela pediu que o Senhor assumisse a forma de uma criança comum. “A única razão que me faz ter medo de meu irmão Kaṁsa é o Vosso aparecimento. Meu Senhor Madhusūdana, Kaṁsa talvez saiba que já nascestes. Portanto, peço-Vos que oculteis esta Vossa forma de quatro braços, que porta os quatro símbolos de Viṣṇu – a saber, o búzio, o disco, a maça e a flor de lótus. Meu querido Senhor, ao se dar a aniquilação da manifestação cósmica, depositais todo o universo dentro de Vosso abdômen; não obstante, por Vossa misericórdia imaculada, aparecestes em meu ventre. Fico surpresa de que, só para satisfazerdes Vossos devotos, imitais as atividades dos seres humanos comuns.”

Devakī tinha tanto medo de Kaṁsa que não conseguia acredit­ar que Kaṁsa fosse incapaz de matar o Senhor Viṣṇu, que estava pessoalmente presente. Devido à afeição materna, portanto, ela pediu que a Suprema Personalidade de Deus desaparecesse. Mesmo sabendo que, com o desaparecimento do Senhor, Kaṁsa iria afligi-la cada vez mais, pensando que a criança que havia nascido dela estava escondida em algum lugar, ela não queria que a criança transcendental fosse molestada e morta. Portanto, ela pediu ao Senhor Viṣṇu que desaparecesse. Mais tarde, enquanto sofresse as perseguições, ela pen­saria nEle dentro de sua mente.

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