VERSO 1
śrī-śuka uvāca
atha vrajan rāja-pathena mādhavaḥ
striyaṁ gṛhītāṅga-vilepa-bhājanām
vilokya kubjāṁ yuvatīṁ varānanāṁ
papraccha yāntīṁ prahasan rasa-pradaḥ
śrī-śukaḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī disse; atha — então; vrajan — caminhando; rāja-pathena — pela estrada do rei; mādhavaḥ — Kṛṣṇa; striyam — uma mulher; gṛhīta — segurando; aṅga — para o corpo; vilepa — com bálsamos; bhājanām — uma bandeja; vilokya — vendo; kubjām — corcunda; yuvatīm — jovem; vara-ānanām — de rosto atraente; papraccha — Ele perguntou; yāntīm — indo; prahasan — sorrindo; rasa — do prazer do amor; pradaḥ — o outorgador.
Śukadeva Gosvāmī disse: Enquanto caminhava pela estrada real, o Senhor Mādhava viu aproximar-se uma jovem corcunda de rosto atraente, trazendo uma bandeja de bálsamos perfumados. O outorgador do êxtase do amor sorriu e perguntou-lhe o seguinte.
SIGNIFICADO—Segundo Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, a jovem corcunda era de fato uma expansão parcial da esposa do Senhor, Satyabhāmā. Satyabhāmā é a energia interna do Senhor conhecida como Bhū-śakti, e esta expansão dela, conhecida como Pṛthivī, representa a Terra, que estava encurvada devido ao grande fardo de incontáveis governantes perversos. O Senhor Kṛṣṇa fez Seu advento para eliminar esses governantes perversos, de modo que Seu passatempo de endireitar a corcunda Trivakrā, como se explica nestes versos, representa Sua ação de retificar a condição sobrecarregada da Terra. Ao mesmo tempo, o Senhor concedeu a Trivakrā uma relação conjugal com Ele.
Além do sentido apresentado, a expressão rasa-pradaḥ indica que o Senhor divertiu Seus amigos vaqueirinhos com Sua maneira de proceder com a jovem corcunda.