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VERSO 19

ātma-sṛṣṭam idaṁ viśvam
anvāviśya sva-śaktibhiḥ
īyate bahudhā brahman
śruta-pratyakṣa-gocaram

ātma-sṛṣṭam — criado por Vós; idam — este; viśvam — universo; anvāviśya — entrando em seguida; sva — com Vossas próprias; śakti­bhiḥ — energias; īyate — sois percebido; bahudhā — de muitas maneiras; brahman — ó Supremo; śruta — por ouvir a escritura; pratyakṣa — e pela percepção direta; gocaram — cognoscível.

Ó Suprema Verdade Absoluta, com Vossas energias pessoais, criais este universo e, então, entrais nele. Desse modo, pode-se perceber-Vos em muitas formas diferentes tanto pelo processo de ouvir as autoridades quanto pela experiência direta.

SIGNIFICADO—A concordância gramatical de śruta-pratyakṣa-gocaram, no gênero neutro, com ātma-sṛṣṭam idaṁ viśvam indica que o Senhor Supremo, por entrar em Sua criação com Suas potências, torna-Se perceptível dentro do universo. Em todo o Bhāgavatam e em outros textos védicos autorizados, frequentemente encontramos descrições da supremacia do Senhor sobre todas as outras coisas e de Sua identidade simultânea com elas. Fazendo uso da razão, não podemos chegar a nenhuma outra conclusão acerca da literatura védica senão a que Śrī Caitanya Mahāprabhu pregou com muito vigor: acintya-bhedābheda-tattva. Isto é, a Verdade Absoluta é maior do que tudo e distinta de tudo (pois é o onipotente criador e controlador de tudo) e, ao mesmo tempo, é una com tudo (pois tudo o que existe é a expansão de Seu próprio poder).

Através destes capítulos do Śrīmad-Bhāgavatam, também observamos um dos aspectos extraordinários e singulares desta magnífica obra. Quer Kṛṣṇa esteja enviando Sua mensagem às gopīs, quer es­teja aceitando as preces de Akrūra, sempre ocorre alguma discussão filosófica. Em todo o Bhāgavatam, a combinação permanente de pas­satempos fascinantes com persistente filosofia espiritual é uma carac­terística extraordinária. Temos permissão de vislumbrar e até mesmo saborear as emoções espirituais do Senhor e de Seus companheiros liberados, e ainda somos constantemente lembrados da posição onto­lógica deles para que não caiamos em uma visão antropomórfica barata. Logo, está em total harmonia com o caráter da obra o fato de Akrūra, em seu êxtase, glorificar o Senhor com precisas preces filosóficas.

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