VERSOS 15-16
nando mahā-manās tebhyo
vāso ’laṅkāra-go-dhanam
sūta-māgadha-vandibhyo
ye ’nye vidyopajīvinaḥ
tais taiḥ kāmair adīnātmā
yathocitam apūjayat
viṣṇor ārādhanārthāya
sva-putrasyodayāya ca
nandaḥ — Mahārāja Nanda; mahā-manāḥ — que entre os vaqueiros era a mais correta de todas as pessoas; tebhyaḥ — aos vaqueiros; vāsaḥ — roupas; alaṅkāra — adornos; go-dhanam — e vacas; sūta-māgadha-vandibhyaḥ — aos sūtas (os recitadores profissionais das histórias antigas), aos māgadhas (os recitadores profissionais das histórias das dinastias reais) e aos vandīs (cantores gerais de orações); ye anye — bem como a outros; vidyā-upajīvinaḥ — que ganhavam sua subsistência com base em qualificações educacionais; taiḥ taiḥ — com o que quer que; kāmaiḥ — melhora dos desejos; adīna-ātmā — Mahārāja Nanda, que era tão magnânimo; yathā-ucitam — como era adequado; apūjayat — adorou-os ou satisfê-los; viṣṇoḥ ārādhana-arthāya — com o propósito de agradar ao Senhor Viṣṇu; sva-putraṣya — de seu próprio filho; udayāya — para o aperfeiçoamento em todo os sentidos; ca — e.
A magnânima personalidade Mahārāja Nanda deu roupas, adornos e vacas em caridade aos vaqueiros para agradar ao Senhor Viṣṇu e, com isto, ele melhorou em todos os sentidos a condição de seu próprio filho. Ele fez caridade aos sūtas, māgadhas, vandīs e aos homens de todas as outras profissões, de acordo com seu grau de educação, e satisfez o desejo de todos.
SIGNIFICADO—Embora tenha virado moda falar de daridra-nārāyaṇa, as palavras viṣṇor ārādhanārthāya não significam que as pessoas a quem Nanda Mahārāja satisfez nessa grande cerimônia eram Viṣṇus. Eles não eram daridra, tampouco eram Nārāyaṇa. Em vez disso, eram devotos de Nārāyaṇa e, através de suas qualificações educacionais, eram capazes de satisfazer Nārāyaṇa. Logo, satisfazê-los era uma maneira indireta de satisfazer o Senhor Viṣṇu. Mad-bhakta-pūjābhyadhikā. (Śrīmad-Bhāgavatam 11.19.21) O Senhor diz: “Adorar Meus devotos é melhor do que Me adorar diretamente.” O sistema varṇāśrama presta-se inteiramente a viṣṇu-ārādhana, adoração ao Senhor Viṣṇu. Varṇāśramācāravatā puruṣeṇa paraḥ pumān/ viṣṇur ārādhyate. (Viṣṇu Purāṇa 3.8.9) A meta última da vida consiste em a pessoa satisfazer o Senhor Viṣṇu, o Senhor Supremo. O homem incivilizado ou o materialista, entretanto, não conhecem essa meta da vida. Na te viduḥ svārtha-gatiṁ hi viṣṇum (Śrīmad-Bhāgavatam 7.5.31). Nosso verdadeiro interesse pessoal consiste em satisfazer o Senhor Viṣṇu. Deixar de satisfazer o Senhor Viṣṇu para tentar ser feliz através de medidas materiais (bahir-artha-māninaḥ) não é o caminho que traz a felicidade. Porque Viṣṇu é a raiz de tudo, se Viṣṇu está satisfeito, todos ficam satisfeitos; em particular, os filhos e membros familiares de alguém se tornam felizes sob todos os aspectos. Nanda Mahārāja queria a felicidade de seu filho recém-nascido. Era isso o que ele tinha em mente. Portanto, ele quis satisfazer o Senhor Viṣṇu e, para satisfazer o Senhor Viṣṇu, era necessário satisfazer Seus devotos, tais como os brāhmaṇas eruditos, os māgadhas e os sūtas. Logo, de maneira indireta, em última análise, era ao Senhor Viṣṇu que se deveria satisfazer.