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VERSO 1

śrī-śuka uvāca
kāmas tu vāsudevāṁśo
dagdhaḥ prāg rudra-manyunā
dehopapattaye bhūyas
tam eva pratyapadyata

śrī-śukaḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī disse; kāmaḥ — Cupido; tu — e; vāsudeva — do Senhor Vāsudeva; aṁśaḥ — a expansão; dagdhaḥ — queimado; prāk — anteriormente; rudra — do senhor Śiva; manyunā — pela ira; deha — um corpo; upapattaye — para obter; bhūyaḥ — de novo; tam — a Ele, o Senhor Vāsudeva; eva — de fato; pratyapadyat — voltou.

Śukadeva Gosvāmī disse: Kāmadeva [Cupido], uma expansão de Vāsudeva, fora anteriormente reduzido a cinzas pela ira de Rudra. Agora, para conseguir um novo corpo, ele se fundiu novamente no corpo do Senhor Vāsudeva.

SIGNIFICADO—Em seu Kṛṣṇa-sandarbha (Anuccheda 87), Śrīla Jīva Gosvāmī cita o seguinte verso da Gopāla-tāpanī Upaniṣad (2.40) para provar que o Pradyumna que é o filho de Kṛṣṇa e Rukmiṇī é o mesmo Pradyum­na que é membro da eterna expansão plenária quádrupla do Senhor Kṛṣṇa, o catur-vyūha:

yatrāsau saṁsthitaḥ kṛṣṇas
tribhiḥ śaktyā samāhitaḥ
rāmāniruddha-pradyumnai
rukmiṇyā sahito vibhuḥ

“Ali [em Dvārakā], o onipotente Senhor Kṛṣṇa, dotado com Sua plena potência, residia em companhia de Suas três expansões plenárias – Balarāma, Aniruddha e Pradyumna.” O Kṛṣṇa-sandarbha continua explicando, com referência a este verso do Śrīmad-Bhāgavatam, que “o Cupido que Rudra incinerou com sua ira é um semideus subor­dinado a Indra. Esse semideus, Cupido, é uma manifestação parcial do Cupido prototípico, Pradyumna, que é uma expansão plenária de Vāsudeva. O semideus Cupido, sendo incapaz de conseguir por si mesmo um novo corpo, entrou no corpo de Pradyumna. Caso contrá­rio, o Cupido teria de permanecer em perpétuo estado incorpóreo, em resultado de Rudra o haver incinerado com sua ira”.

Em sua tradução do Śrīmad-Bhāgavatam (1.14.30, significado), Śrīla Prabhupāda confirma a posição absoluta de Pradyumna, o pri­meiro filho do Senhor Kṛṣṇa: “Pradyumna e Aniruddha também são expansões da Personalidade de Deus e, desse modo, também são viṣṇu-tattva. Em Dvārakā, o Senhor Vāsudeva está ocupado em Seus passatempos transcendentais, junto de Suas expansões plenárias, a saber, Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha, de modo que cada um dEles pode ser tratado como a Personalidade de Deus...”

Segundo Śrīla Śrīdhara Svāmī, Pradyumna nasceu do ventre de Rukmiṇī antes do casamento de Śrī Kṛṣṇa com Jāmbavatī e dos outros casamentos do Senhor. Posteriormente, Pradyumna voltou do palácio de Śambara. Todavia, antes de contar os passatempos de Kṛṣṇa com Suas outras esposas, Śukadeva Gosvāmī, para manter a continuidade, nar­rará toda a história de Pradyumna.

Śrīla Śrīdhara Svāmī observa ainda que Kāmadeva, ou Cupido, que agora aparece dentro de Pradyumna, é uma porção de Vāsudeva, dado que ele se manifesta do elemento citta, consciência, que é presi­dido por Vāsudeva, e também porque ele (Cupido) é a causa da ge­ração material. Como o Senhor afirma na Bhagavad-gītā (10.28), prajanaś cāsmi kandarpaḥ: “Dos progenitores, Eu sou Kandarpa [Cupido].”

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