VERSO 4
yo ’smabhyaṁ sampratiśrutya
kanyā-ratnaṁ vigarhya naḥ
kṛṣṇāyādān na satrājit
kasmād bhrātaram anviyāt
yaḥ — quem; asmabhyam — a cada um de nós; sampratiśrutya — prometendo; kanyā — sua filha; ratnam — semelhante a uma joia; vigarhya — desprezando; naḥ — a nós; kṛṣṇāya — a Kṛṣṇa; adāt — deu; na — não; satrājit — Satrājit; kasmāt — por que; bhrātaram — seu irmão; anviyāt — deve seguir (na morte).
“Satrājit prometeu-nos sua filha, que é semelhante a uma joia, mas depois, em vez disso, deu a moça a Kṛṣṇa, negligenciando-nos com desdém. Então, por que Satrājit não deveria seguir o caminho de seu irmão?”
SIGNIFICADO—Visto que o irmão de Satrājit, Prasena, fora morto de forma violenta, a implicação de “seguir o caminho de seu irmão” é óbvia. O que temos aqui é uma trama de assassinato.
É bem sabido que tanto Akrūra quanto Kṛtavarmā são excelsos e puros devotos do Senhor Supremo; logo, seu comportamento incomum exige alguma explicação. Os ācāryas dizem o seguinte: Śrīla Jīva Gosvāmī afirma que Akrūra, embora fosse um primoroso devoto puro do Senhor, caiu vítima da ira que lhe dirigiram os residentes de Gokula por ter levado Kṛṣṇa embora de Vṛndāvana. O gosvāmī diz ainda que Kṛtavarmā associara-se com Kaṁsa – sendo ambos membros da dinastia Bhoja – e, por isso, Kṛtavarmā estava sofrendo agora o resultado dessa associação indesejável.
Śrīla Viśvanātha Cakravartī oferece uma explicação alternativa: Tanto Akrūra quanto Kṛtavarmā estavam furiosos com Satrājit por este ter insultado o Senhor Kṛṣṇa e espalhado falsos rumores sobre Ele em Dvārakā. Em circunstâncias normais, Akrūra e Kṛtavarmā teriam ficado muito satisfeitos com o casamento do Senhor Kṛṣṇa com a bela Satyabhāmā. Sendo devotos puros, eles não podiam ficar de fato infelizes com esse enlace, tampouco poderiam tornar-se ciumentos rivais do Senhor. Portanto, eles tinham um motivo oculto para se comportarem como rivais dEle.