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VERSO 30

ahaṁ payo jyotir athānilo nabho
mātrāṇi devā mana indriyāṇi
kartā mahān ity akhilaṁ carācaraṁ
tvayy advitīye bhagavan ayaṁ bhramaḥ

aham — eu mesma (terra); paya — água; jyoti — fogo; atha — e; anila — ar; nabha — éter; mātrāi — os vários objetos dos sentidos (correspondentes a cada um dos cinco elementos grosseiros); devā — os semideuses; mana — a mente; indriyāi — os sentidos; kartā — “o agente”, o falso ego; mahān — a energia material total (mahat­-tattva); iti — assim; akhilam — tudo; cara — móvel; acaram — e iner­te; tvayi — dentro de Vós; advitīye — que sois único e inigualável; bha­gavan — ó Senhor; ayam — isto; bhrama — ilusão.

Pensar que terra, água, fogo, ar, éter, objetos dos sentidos, semideuses, mente, os sentidos, o falso ego e a energia material total existam independentemente de Vós não passa de ilusão. De fato, eles estão todos dentro de Vós, meu Senhor, que sois único e inigualável.

SIGNIFICADO—A deusa da Terra, em suas orações, aborda diretamente as sutilezas da filosofia transcendental, esclarecendo que, embora o Senhor Supremo seja incomparável e distinto de Sua criação, esta não tem existência independente e sempre repousa dentro dEle. Dessa manei­ra, o Senhor e tudo o que Ele criou são unos e diferentes ao mesmo tempo, como explicou Śrī Caitanya Mahāprabhu há quinhentos anos.

Dizer que tudo é Deus, sem nenhuma distinção, não tem sentido, pois nada pode agir como Deus. É quase impossível que cachorros, sapatos e seres humanos sejam onipotentes ou oniscientes, tampou­co podem criar o universo. Por outro lado, existe um sentido real em que todas as coisas são unas, pois tudo é parte da mesma realidade suprema e absoluta. O Senhor Caitanya apresentou a utilís­sima analogia do Sol e dos raios solares. O Sol e seu brilho são uma única realidade, pois o Sol é o corpo celeste que brilha. Por outro lado, é certo que qualquer um pode distinguir entre o globo do Sol e os raios solares. Desse modo, a simultânea unidade e diferença de Deus com Sua criação é a explicação final e satisfatória da realidade. Tudo o que existe é a potência do Senhor, apesar do que Ele dota a po­tência superior, os seres vivos, de livre-arbítrio de modo que eles possam tornar-se responsáveis pela qualidade moral e espiritual de suas decisões e atividades.

Toda esta ciência transcendental é explicada de maneira clara e racional no Śrīmad-Bhāgavatam.

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