VERSO 6
bāṇārthe bhagavān rudraḥ
sa-sutaḥ pramathair vṛtaḥ
āruhya nandi-vṛṣabhaṁ
yuyudhe rāma-kṛṣṇayoḥ
bāṇa-arthe — em prol de Bāṇa; bhagavān rudraḥ — o senhor Śiva; sa-sutaḥ — junto de seu filho (Kārtikeya, o general do exército dos semideuses); pramathaiḥ — pelos Pramathas (sábios místicos que, aparecendo em uma variedade de formas, sempre servem o senhor Śiva; vṛtaḥ — acompanhado; āruhya — montando; nandi — em Nandi; vṛṣabham — seu touro; yuyudhe — lutou; rāma-kṛṣṇayoḥ — com Balarāma e Kṛṣṇa.
Em prol de Bāṇa, o senhor Rudra, acompanhado de seu filho Kārtikeya e dos Pramathas, veio montado em Nandi, seu touro transportador, para lutar contra Balarāma e Kṛṣṇa.
SIGNIFICADO—Śrīla Śrīdhara Svāmī afirma que aqui se usa a palavra bhagavān para indicar que o senhor Śiva é onisciente por natureza e, portanto, está bem informado acerca da grandeza do Senhor Kṛṣṇa. Mesmo assim, embora soubesse que o Senhor Kṛṣṇa o derrotaria, Śiva entrou na batalha contra Ele para demonstrar as glórias da Suprema Personalidade de Deus. Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura afirma que o senhor Śiva entrou na batalha por duas razões: primeira, para aumentar o prazer e entusiasmo do Senhor Kṛṣṇa; e segunda, para demonstrar que a encarnação do Senhor como Kṛṣṇa, embora encene passatempos semelhantes aos humanos, é superior aos outros avatāras, como o Senhor Rāmacandra. Śrīla Viśvanātha Cakravartī declara ainda a esse respeito que yogamāyā, a potência interna do Senhor Kṛṣṇa, confundiu o senhor Śiva assim como confundira o senhor Brahmā. Para corroborar essa afirmação, o ācārya cita a frase brahma-rudrādi-mohanam, do Bhakti-rasāmṛta-sindhu. É claro que a função de yogamāyā é fazer arranjos primorosos para os passatempos do Senhor, daí Śiva ter ficado entusiasmado para lutar contra o Senhor Supremo, Kṛṣṇa.