VERSO 2
śrī-śuka uvāca
narakasya sakhā kaścid
dvivido nāma vānaraḥ
sugrīva-sacivaḥ so ’tha
bhrātā maindasya vīryavān
śrī-śukaḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī disse; narakasya — do demônio Naraka; sakhā — amigo; kaścit — certo; dvividaḥ — Dvivida; nāma — de nome; vānaraḥ — um macaco; sugrīva — rei Sugrīva; sacivaḥ — cujo conselheiro; saḥ — ele; atha — também; bhrātā — o irmão; maindasya — de Mainda; vīrya-vān — poderoso.
Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Havia um macaco chamado Dvivida que era amigo de Narakāsura. Esse poderoso Dvivida, irmão de Mainda, fora instruído pelo rei Sugrīva.
SIGNIFICADO—Śrīla Jīva Gosvāmī assinala alguns fatos interessantes sobre o macaco Dvivida. Embora fosse um dos companheiros do Senhor Rāmacandra, Dvivida mais tarde se corrompeu devido à má associação com o demônio Naraka, como se afirma aqui: narakasya sakhā. Esta má associação se sucedeu como reação por uma ofensa que Dvivida cometera, quando, orgulhoso de sua força, desrespeitou Lakṣmaṇa, o irmão do Senhor Rāmacandra, e outros. Aqueles que adoram o Senhor Rāmacandra às vezes cantam hinos dirigidos a Mainda e Dvivida, que são deidades auxiliares do Senhor. Segundo Śrīla Jīva Gosvāmī, os Mainda e Dvivida mencionados neste verso são expansões dotadas de poder daquelas deidades, que são residentes do reino Vaikuṇṭha do Senhor Rāmacandra.
Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura concorda com a opinião de Śrīla Jīva Gosvāmī de que Dvivida foi arruinado devido à má companhia, a qual ele obteve como um castigo por ter desrespeitado Śrīmān Lakṣmaṇa. Śrīla Viśvanātha Cakravartī afirma, todavia, que os Mainda e Dvivida aqui mencionados são de fato os devotos eternamente liberados que se invocam como deidades auxiliares durante o culto ao Senhor Rāmacandra. O Senhor providenciou que ele se degradasse, diz o ācārya, para mostrar o perigo da má associação resultante de se ofender grandes personalidades. Dessa maneira, Śrīla Viśvanātha Cakravartī compara a queda de Dvivida e Mainda à de Jaya e Vijaya.