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VERSO 4

mahad-vicalanaṁ nṝṇāṁ
gṛhiṇāṁ dīna-cetasām
niḥśreyasāya bhagavan
kalpate nānyathā kvacit

mahat-vicalanam — as andanças das grandes personalidades; nṝṇām — às casas de pessoas comuns; gṛhiṇām — especialmente chefes de família; dīna-cetasām — que têm mentalidade tacanha, estando apenas ocupados na manutenção da família; niḥśreyasāya — uma grande personalidade não tem razão de ir até um gṛhastha, exceto para beneficiá-lo; bhagavan — ó poderosíssimo devoto; kalpate — deve-se aceitar dessa maneira; na anyathā — e com nenhum outro propósito; kvacit — em momento algum.

Ó meu senhor, ó devoto grandioso, pessoas como tu locomovem-se de um lugar a outro não visando a seus próprios interesses, mas em benefício dos gṛhasthas [chefes de família] de coração pobre. Caso contrário, elas não se preocupariam em ir de um lugar a outro.

SIGNIFICADO—Como de fato afirmou Nanda Mahārāja, porque era um devoto, Garga Muni não tinha necessidades pessoais. Igualmente, ao fazer Seu advento, Kṛṣṇa não está carente de nada, pois Ele é pūrṇa, ātmārāma. Entretanto, Ele desce a este mundo material para proteger os devotos e aniquilar os canalhas (paritrāṇāya sādhūnāṁ vināśāya ca duṣkṛtām). Essa é a missão da Suprema Personalidade de Deus, e os devotos também têm a mesma missão. A todo aquele que executa essa missão de para­-upakāra, a realização de atividades benéficas à população em geral, Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, reconhece-o como Lhe sendo muitíssimo querido (na ca tasmān manuṣyeṣu kaścin me priya-kṛttamaḥ). De maneira semelhante, Caitanya Mahāprabhu recomenda este para-upakāra, e aconselha especialmente aos habitantes da Índia:

bhārata-bhūmite haila manuṣya-janma yāra
janma sārthaka kari’ kara para-upakāra

“Todo ser humano que nasceu na terra da Índia [Bhārata-varṣa] deve tornar sua vida exitosa e trabalhar para o benefício de todas as outras pessoas.” (Caitanya-caritāmṛta Ādi 9.41) Em suma, é dever de um devoto vaiṣṇava puro agir em prol do bem-estar alheio.

Nanda Mahārāja pôde entender que Garga Muni viera com este propósito e que agora seu próprio dever era agir de acordo com o conselho de Garga Muni. Em razão disso, ele disse: “Por favor, dize-me qual é o meu dever.” Esta deve ser a atitude de todos, especialmente do pai de família. A sociedade varṇāśrama apresenta oito divisões brāhmaṇa, kṣatriya, vaiśya, śūdra, brahmacarya, gṛhastha, vānaprastha e sannyāsa. Nanda Mahārāja representava-se como gṛhastha, pai de família. O brahmacārī, na verdade, não precisa de nada, mas os gṛhīs, os chefes de família, estão ocupados em gozo dos sentidos. Como se afirma na Bhagavad-gītā (2.44): bhogaiśvarya-prasaktānāṁ tayāpahṛta-cetasām. Todos vêm a este mundo material em busca de gozo dos sentidos, e a posição daqueles que são demasiadamente apegados ao gozo dos sentidos e que, portanto, aceitam o gṛhastha-āśrama é muito precária. Uma vez que todos neste mundo material estão buscando gozo dos sentidos, os gṛhasthas precisam aprender a ser mahat, grandes mahātmās. Logo, Nanda Mahārāja usou espe­cificamente a palavra mahad-vicalanam. Ao ir até Nanda Mahārāja, Garga Muni não se deixava levar por nenhum interesse pessoal, mas Nanda Mahārāja, como gṛhastha, estava sempre inteiramente disposto a receber as instruções de um mahātmā para ganhar o verda­deiro benefício da vida. Assim, ele estava preparado para executar a ordem de Garga Muni.

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