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VERSO 42

ahaṁ mamāsau patir eṣa me suto
vrajeśvarasyākhila-vittapā satī
gopyaś ca gopāḥ saha-godhanāś ca me
yan-māyayetthaṁ kumatiḥ sa me gatiḥ

aham — minha existência (“sou algo”); mama — meu; asau — Nanda Mahārāja; patiḥ — esposo; eṣaḥ — este (Kṛṣṇa); me sutaḥ — é meu filho; vraja-īśvarasya — do meu esposo, Nanda Mahārāja; akhila-vitta-pā — sou possuidora de ilimitada opulência e riqueza; satī — porque sou sua esposa; gopyaḥ ca — e todas as donzelas dos vaqueiros; gopāḥ — todos os vaqueiros (são meus subordinados); saha-godhanāḥ ca — com as vacas e bezerros; me — meus; yat-māyayā — todas essas coisas mencionadas por mim são, em última análise, dadas pela misericór­dia do Supremo; ittham — assim; kumatiḥ — estou pensando que são posses minhas; saḥ me gatiḥ — portanto, Ele é meu único refúgio (sou um simples instrumento).

É pela influência de māyā, a energia do Senhor Supremo, que penso que Nanda Mahārāja é meu esposo, que Kṛṣṇa é meu filho, e que, porque sou a rainha de Nanda Mahārāja, toda a rique­za sob a forma de vacas e bezerros está em meu poder e todos os vaqueiros e suas esposas são meus súditos. Na verdade, também sou eternamente subordinada ao Senhor Supremo. Ele é meu refúgio derradeiro.

SIGNIFICADO—Seguindo os passos de mãe Yaśodā, todos devem adotar esta men­talidade de renúncia. Toda riqueza, opulência ou o que quer que possuamos não pertencem a nós, senão que pertencem à Suprema Personalidade de Deus, que é o refúgio último de todos e definitivamente o proprietário de tudo. Como o próprio Senhor afirma na Bhagavad-gītā (5.29):

bhoktāraṁ yajña-tapasāṁ
sarva-loka-maheśvaram
suhṛdaṁ sarva-bhūtānāṁ
jñātvā māṁ śāntim ṛcchati

“Os sábios, conhecendo-Me como o objetivo último de todos os sa­crifícios e austeridades, o Senhor Supremo de todos os planetas e semideuses e o benfeitor e benquerente de todas as entidades vivas, obtém paz, aliviando-se das dores e sofrimentos materiais.”

Não devemos ter orgulho de nossas posses. Como mãe Yaśodā expressa aqui: “Não sou proprietária de nada; não sou a opulenta esposa de Nanda Mahārāja. A propriedade, as posses, as vacas e bezerros e os súditos, tais como as gopīs e os vaqueiros, foram todos dados a mim.” Todos devem deixar de pensar em termos de “minhas posses, meu filho e meu esposo” (janasya moho ’yam ahaṁ mameti). A não ser ao Senhor Supremo, nada pertence a ninguém. É somente devido à ilusão que pensamos: “Eu existo” ou “Tudo me perten­ce”. Assim, mãe Yaśodā rendeu-se por completo ao Senhor Supremo. Naquele momento, sentia-se muito desapontada, pensando: “Os esforços que empreendo para proteger meu filho através da caridade e de outras atividades auspiciosas são inúteis. O Senhor Supremo deu-me muitas coisas, mas, a menos que Ele Se encarregue de tudo, proteção alguma funcionará. Portanto, em última análise, devo buscar refúgio na Suprema Personalidade de Deus.” Como afirma Prahlāda Mahārāja, bālasya neha śaraṇaṁ pitarau nṛsiṁha: “Afinal de contas, o pai e a mãe não podem cuidar de seus filhos.” (Śrīmad-Bhāgavatam 7.9.19) Ato gṛha-kṣetra-sutāpta-vittair janasya moho ’yam ahaṁ mameti. (Śrīmad-Bhāgavatam 5.5.8). Nossas terras, lares, riquezas e todas as nossas posses pertencem à Suprema Personalidade de Deus, embora pense­mos: “Sou isto” e “Estes objetos são meus”.

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