VERSO 5
jyotiṣām ayanaṁ sākṣād
yat taj jñānam atīndriyam
praṇītaṁ bhavatā yena
pumān veda parāvaram
jyotiṣām — conhecimento de astrologia (juntamente com outros aspectos culturais da sociedade humana, e especificamente da sociedade civilizada, deve haver conhecimento de astrologia); ayanam — a posição das estrelas e planetas em relação à sociedade humana; sākṣāt — diretamente; yat tat jñānam — esse conhecimento; ati-indriyam — que uma pessoa comum não pode entender porque está além de sua visão; praṇītam bhavatā — preparaste um esmerado livro de conhecimento; yena — pelo qual; pumān — qualquer pessoa; veda — pode entender; para-avaram — a causa e o efeito do destino.
Ó pessoa santíssima, compilaste o conhecimento astrológico pelo qual é possível compreender os fenômenos invisíveis do presente e do passado. Em virtude desse conhecimento, todo ser humano pode entender o que fez em sua vida passada e como isso afeta sua vida presente. Tu conheces isso.
SIGNIFICADO—Define-se agora a palavra “destino”. As pessoas sem inteligência, que não compreendem o significado da vida, são exatamente como animais. Os animais não conhecem o passado, o presente e o futuro da vida, nem são capazes de entender isso. Contudo, o ser humano pode compreender isso, se ele for sóbrio. Portanto, como se afirma na Bhagavad-gītā (2.13), dhīras tatra na muhyati: uma pessoa sóbria não se confunde. A verdade simples é que, embora a vida seja eterna, troca-se de um corpo para outro neste mundo material. As pessoas tolas, especialmente nesta era, não entendem essa verdade simples. Kṛṣṇa diz:
dehino ’smin yathā dehe
kaumāraṁ yauvanaṁ jarā
tathā dehāntara-prāptir
dhīras tatra na muhyati
“Assim como, neste corpo, a alma corporificada seguidamente passa da infância à juventude e à velhice, do mesmo modo, na hora da morte, a alma passa a outro corpo. A alma autorrealizada não se confunde com essas mudanças.” (Bhagavad-gītā 2.13) Kṛṣṇa, a maior autoridade, diz que o corpo mudará. E logo que o corpo muda, todo o roteiro programado por alguém também muda. Hoje sou um ser humano ou uma grande personalidade, mas basta uma pequena infração da lei da natureza para que eu acabe tendo de aceitar uma diferente categoria de corpo. Hoje sou um ser humano, mas amanhã posso tornar-me um cachorro, em decorrência do que todas as atividades que eu acaso tenha realizado nesta vida terão sido um fracasso. Essa simples verdade é agora raramente entendida, mas aquele que é dhīra pode entender isso. Aqueles que, neste mundo material, estão sempre buscando o gozo sensorial devem saber que, como sua atual posição deixará de existir, eles devem agir com muito cuidado. Ṛṣabhadeva declara o mesmo. Na sādhu manye yata ātmano ’yam asann api kleśada āsa dehaḥ (Śrīmad-Bhāgavatam 5.5.4). Embora este corpo seja temporário, teremos de sofrer enquanto vivermos nele. Quer a pessoa tenha uma vida curta, quer tenha uma vida longa, terá de sofrer as três classes de sofrimentos impostos pela vida material. Logo, todo cavalheiro, dhīra, deve procurar interessar-se por jyotiṣa, astrologia.
Nanda Mahārāja tentava tirar proveito da oportunidade que surgiu com a presença de Garga Muni, pois Garga Muni era uma grande autoridade neste conhecimento de astrologia, pelo qual é possível estudar os eventos invisíveis, relativos ao passado, ao presente e ao futuro. É dever de um pai entender a situação astrológica de seus filhos e tomar as devidas medidas que lhes tragam felicidade. Então, tirando proveito da oportunidade concedida pela presença de Garga Muni, Nanda Mahārāja sugeriu que Garga Muni preparasse o horóscopo de seus dois filhos, Kṛṣṇa e Balarāma.