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VERSO 6

tvaṁ hi brahma-vidāṁ śreṣṭhaḥ
saṁskārān kartum arhasi
bālayor anayor nṝṇāṁ
janmanā brāhmaṇo guruḥ

.

tvam — Vossa Santidade; hi — na verdade; brahma-vidām — de todos os brāhmaṇas, ou pessoas que entendem o que é Brahman (brahma jānātīti brāhmaṇaḥ); śreṣṭhaḥ — és o melhor; saṁskārān — cerimô­nias realizadas com o intuito de reformar (porque, através dessas atividades reformatórias, a pessoa obtém seu segundo nascimento: saṁskārād bhaved dvijaḥ); kartum arhasi — porque fizeste a gentile­za de vir até aqui, executa, por favor; bālayoḥ — desses dois filhos (Kṛṣṇa e Balarāma); anayoḥ — de ambos; nṝṇām — não apenas dEles, mas de toda a sociedade humana; janmanā — logo que ele nasce; brāhmaṇaḥ — o brāhmaṇa torna-se; guruḥ — o guia[1].

[1] Os śāstras prescrevem: tad-vijñānārthaṁ sa gurum evābhigacchet (Muṇḍaka Upaniṣad 1.2.12). É dever de todos se renderem a um brāhmaṇa que tenha a capacidade de se tornar seu guru.)

Meu Senhor, és o melhor dos brāhmaṇas, especialmente porque conheces por completo o jyotiḥ-śāstra, a ciência astrológica. Portanto, és o mestre espiritual de todo ser humano por natureza. Sendo assim, como fizeste a gentileza de vir até minha casa, por favor, executa as atividades reformatórias em prol de meus dois filhos.

SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (4.13), a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, diz que cātur-varṇyaṁ mayā sṛṣṭaṁ guṇa-karma-vibhāgaśaḥ: os quatro varṇasbrāhmaṇa, kṣatriya, vaiśya e śūdra – devem fazer parte da sociedade. Os brāhmaṇas são necessários para a orientação de toda a sociedade. Se não houver a instituição varṇāśrama-dharma e se a sociedade humana não tiver um guia que esteja à altura de um brāhmaṇa, a sociedade humana será infernal. Em Kali-yuga, especial­mente no momento atual, não existe um brāhmaṇa verdadeiro, daí a condição caótica da sociedade. Outrora, havia brāhmaṇas qualificados, mas, atualmente, embora na certa haja pessoas que se julguem brāhmaṇas, elas não têm realmente a habilidade para guiar a sociedade. O movimento da consciência de Kṛṣṇa, portanto, está muito ansioso para reintroduzir o sistema varṇāśrama de modo que aqueles que estão confusos ou são menos inteligentes consigam receber a orientação de brāhmaṇas qualificados.

Brāhmaṇa significa vaiṣṇava. Depois que alguém se torna brāhmaṇa, sua próxima etapa no desenvolvimento da sociedade humana é tornar-se vaiṣṇava. A população em geral deve ser guiada rumo ao destino ou meta da vida e, portanto, ela deve entender Viṣṇu, a Su­prema Personalidade de Deus. Todo o sistema de conhecimento védico baseia-se neste princípio, mas as pessoas perderam a indicação (na te viduḥ svārtha-gatiṁ hi viṣṇum) e estão simplesmente em busca de gozo dos sentidos, arriscando-se a descambar para um grau de vida inferior (mṛtyu-saṁsāra-vartmani). Não importa se alguém nasce brāhmaṇa ou não. Ninguém nasce brāhmaṇa; todos nascem śūdras. Porém, pela orientação de um brāhmaṇa e através de saṁs­kāra, a pessoa pode tornar-se dvija, duas vezes nascida, e, então, tornar-se brāhmaṇa gradualmente. O brāhmaṇismo não é um sistema que se presta a criar um monopólio para uma determinada classe de homens. Todos devem ser educados a se tornarem brāhmaṇas. Deve haver pelo menos uma oportunidade que permita que todos alcancem o destino da vida. Independentemente do fato de alguém nascer em família brāhmaṇa, em família kṣatriya ou em família śūdra, ele pode ser guiado por um brāhmaṇa competente e ser promovido à plataforma mais elevada, na qual se torna um vaiṣṇava. Assim, o movimento da consciência de Kṛṣṇa propicia a oportunidade de que se trace o destino certo da sociedade humana. Nanda Mahārāja tirou proveito da oportunidade surgida com a presença de Garga Muni, pedindo-­lhe que realizasse as necessárias atividades reformatórias em prol de seus filhos, com a finalidade de guiá-los rumo ao destino da vida.

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