VERSO 2
etad veditum icchāmaḥ
sandeho ’tra mahān hi naḥ
viruddha-śīlayoḥ prabhvor
viruddhā bhajatāṁ gatiḥ
etat — isto; veditum — compreender; icchāmaḥ — desejamos; sandehaḥ — dúvida; atra — neste assunto; mahān — grande; hi — de fato; naḥ — de nossa parte; viruddha — opostos; śīlayoḥ — cujas índoles; prabhvoḥ — dos dois senhores; viruddhā — opostos; bhajatām — de seus adoradores; gatiḥ — os destinos.
Queremos entender corretamente este assunto, que nos deixa muito perplexos. De fato, os resultados alcançados pelos adoradores desses dois senhores de índoles opostas são contrários ao que seria de esperar.
SIGNIFICADO—O capítulo precedente terminou com a recomendação de que sempre se deve meditar no Senhor Hari, que concede a liberação. A esse respeito, aqui Mahārāja Parīkṣit expressa um medo corriqueiro entre as pessoas comuns de que, por tornar-se devoto do Senhor Viṣṇu, a pessoa perderá sua riqueza e status social. Para benefício de tais pessoas de pouca fé, o rei Parīkṣit pede a Śrīla Śukadeva Gosvāmī que explique esse aparente paradoxo: o senhor Śiva, que vive como mendigo, sem sequer uma casa para chamar de sua, torna seus devotos ricos e poderosos, ao passo que o Senhor Viṣṇu, o possuidor onipotente de tudo o que existe, muitas vezes submete Seus servos a uma pobreza abjeta. Śukadeva Gosvāmī responderá com explicações razoáveis e uma antiga narração sobre o demônio Vṛka.