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VERSO 11

yena sva-rociṣā viśvaṁ
rocitaṁ rocayāmy aham
yathārko ’gnir yathā somo
yatharkṣa-graha-tārakāḥ

yena — por quem; sva-rociṣā — por Sua própria refulgência; viśvam — o mundo inteiro; rocitam — já criado potencialmente; rocayāmi — manifesto; aham — eu; yathā — assim como; arkaḥ — o Sol; agniḥ — fogo; yathā — como; somaḥ — a Lua; yathā — como também; ṛkṣa — o firmamento; graha — os planetas dominantes; tārakāḥ — as estrelas.

Eu crio depois que o Senhor cria com Sua refulgência pessoal [conhecida como brahmajyoti], da mesma forma que, quando o Sol manifesta seu fogo, também manifestam seu brilho a Lua, o firmamento, os planetas influentes e as estrelas cintilantes.

SIGNIFICADO—O senhor Brahmājī falou a Nārada que era correta sua impressão de que Brahmā não era a autoridade suprema na criação. Às vezes, homens menos inteligentes têm a tola impressão de que Brahmā é a causa de todas as causas. Porém, Nārada queria esclarecer o assunto através das afirmações de Brahmājī, a suprema autoridade no universo. Assim como a decisão da corte suprema de um Estado é definitiva, do mesmo modo, no processo védico de aquisição de conhecimento, é definitivo o julgamento de Brahmājī, a suprema autoridade no universo. Como já afirmamos no verso anterior, Nāradajī era uma alma liberada; portanto, ele não era um dos homens menos inteligentes que, à sua própria maneira, aceitam um falso deus ou falsos deuses. Ele se apresentou como sendo menos inteligente, apesar do que levantou, com inteligência, uma dúvida a ser esclarecida pela autoridade suprema, a fim de que as pessoas desinformadas pudessem se atentar a isso e obterem as devidas informações sobre as complexidades da criação e do criador.

Neste verso, Brahmājī elimina a impressão errônea mantida pelos menos inteligentes e afirma que cria a variedade universal depois que o Senhor Śrī Kṛṣṇa, usando Sua potência, cria através de Sua refulgência deslumbrante. Brahmājī também fez essa afirmação separadamente na saṁhitā conhecido como Brahma-saṁhitā (5.40), onde diz:

yasya prabhā prabhavato jagad-aṇḍa-koṭi-
koṭiṣv aśeṣa-vasudhādi-vibhūti-bhinnam
tad brahma niṣkalam anantam aśeṣa-bhūtaṁ
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

“Eu sirvo a Suprema Personalidade de Deus, Govinda, o Senhor primordial, cuja refulgência corpórea transcendental, conhecida como brahmajyoti, que é ilimitada, insondável e onipenetrante, é a causa da criação de um ilimitado número de planetas etc., nos quais há muitas variedades de climas e prevalecem condições de vida específicas.”

A mesma informação está na Bhagavad-gītā (14.27). O Senhor Kṛṣṇa é a base do brahmajyoti (brahmaṇo hi pratiṣṭhāham). No Nirukti, ou dicionário védico, menciona-se que pratiṣṭhā significa “aquilo que estabelece”. Logo, o brahmajyoti não é independente ou autossuficiente. O Senhor Śrī Kṛṣṇa é, em última análise, o criador do brahmajyoti, mencionado neste verso como sva-rociṣā, ou a refulgência do corpo transcendental do Senhor. Esse brahmajyoti é onipenetrante, e toda a criação se faz possível através de seu poder efetivo; portanto, os hinos védicos declaram que tudo o que existe está sendo sustentado pelo brahmajyoti (sarvaṁ khalv idaṁ brahma). Portanto, a semente da qual brota toda a criação é o brahmajyoti, e o mesmo brahmajyoti, ilimitado e insondável, é estabelecido pelo Senhor. Por conseguinte, o Senhor (Śrī Kṛṣṇa) é, em última análise, a causa suprema de toda a criação (ahaṁ sarvasya prabhavaḥ).

Ninguém deve esperar que o Senhor crie como um ferreiro que se vale de um martelo e outros instrumentos. O Senhor cria através de Suas inúmeras potências. Ele tem Suas potências multifárias (parāsya śaktir vividhaiva śrūyate). Assim como a pequena semente de figueira-de-bengala tem potência para criar uma grande figueira-de-bengala, com a potência que há em Seu brahmajyoti (sva-rociṣā), o Senhor dissemina todas as variedades de sementes, e as sementes são impelidas a desenvolver-se através da rega empreendida por pessoas como Brahmā. Brahmā não pode criar as sementes, mas pode ajudar a semente a transformar-se numa árvore, assim como com a rega um jardineiro ajuda as plantas dos pomares a se desenvolverem. O exemplo citado aqui, o Sol, é muito apropriado. No mundo material, o Sol é a causa de toda a iluminação: fogo, eletricidade, os raios da lua; etc. Todos os luzeiros no céu são criações do Sol, o Sol é uma criação do brahmajyoti, e o brahmajyoti é a refulgência do Senhor. Logo, a causa última da criação é o Senhor.

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