VERSO 26
na me ’savaḥ parāyanti
brahmann anaśanād amī
pibato ’cyuta-pīyūṣam
tad vākya-abdhi-viniḥsṛtam
na — nunca; me — minha; asavaḥ — vida; parāyanti — fica esgotada; brahman — ó brāhmaṇa erudito; anaśanāt amī — por causa do jejum; pibataḥ — porque eu bebo; acyuta — do infalível; pīyūṣam — néctar; tat — tuas; vākya-abdhi — oceano de palavras; viniḥsṛtam — que flui de.
Ó brāhmaṇa erudito, devido ao fato de eu estar bebendo o néctar da mensagem da infalível Personalidade de Deus, que flui do oceano de tuas palavras, meu jejum não me provoca nenhuma espécie de esgotamento.
SIGNIFICADO—A sucessão discipular de Brahmā, Nārada, Vyāsa e Śukadeva Gosvāmī é especificamente diferente das outras. As sucessões discipulares dos outros sábios são mera perda de tempo, pois não possuem acyuta-kathā, ou a mensagem do Senhor infalível. Os especuladores mentais podem fazer uma bela apresentação de suas teorias, valendo-se de lógica e argumentos primorosos, mas essa lógica e esses argumentos não são infalíveis, pois são derrotados por especuladores mentais que estão mais bem preparados. Mahārāja Parīkṣit não estava interessado na árida especulação da mente oscilante, senão que estava interessado nos tópicos do Senhor, pois sentia de fato que não se cansava enquanto ouvia da boca de Śukadeva Gosvāmī essa nectárea mensagem, embora estivesse em jejum, aguardando a morte iminente.
A pessoa pode se dedicar a ouvir os especuladores mentais, mas não ficará ouvindo por muito tempo. Ela logo se cansará de ouvir esses seus chavões, e ninguém no mundo pode se satisfazer apenas ouvindo essas especulações inúteis. A mensagem do Senhor, especialmente quando é transmitida por uma personalidade como Śukadeva Gosvāmī, nunca pode ser cansativa, mesmo se o ouvinte estiver exausto por outros motivos.
Em algumas edições do Śrīmad-Bhāgavatam, o texto da última linha deste verso é anyatra kupitād dvijāt, que significa que o rei talvez estivesse abalado com a ideia de que, em poucos dias, ele morreria logo após ser picado por uma cobra. A cobra também é duas vezes nascida, e sua ira se compara ao menino brāhmaṇa que amaldiçoou o rei e que não tinha muita inteligência. Mahārāja Parīkṣit não tinha medo algum da morte, pois estava plenamente encorajado pela mensagem do Senhor. Quem se absorve por completo em acyuta-kathā, jamais pode temer algo neste mundo.