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VERSO 6

dhautātmā puruṣaḥ kṛṣṇa-
pāda-mūlaṁ na muñcati
mukta-sarva-parikleśaḥ
pānthaḥ sva-śaraṇaṁ yathā

dhauta-ātmā — cujo coração foi limpo; puruṣaḥ — o ser vivo; kṛṣṇa — Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus; pāda-mūlam — o abrigo dos pés de lótus; na — nunca; muñcati — abandona; mukta — liberado; sarva — todas; parikleśaḥ — dos sofrimentos da vida; pānthaḥ — o viajante; sva-śaraṇam — em sua própria morada; yathā — como se fosse.

O devoto puro do Senhor, cujo coração tenha sido limpo uma vez pelo processo do serviço devocional, jamais abandona os pés de lótus do Senhor Kṛṣṇa, pois eles o satisfazem plenamente, assim como um viajante fica satisfeito quando chega à sua casa após uma viagem atribulada.

SIGNIFICADO—Quem não é devoto puro do Supremo Senhor Kṛṣṇa não tem o coração completamente limpo. Mas uma pessoa perfeitamente limpa jamais deixa de prestar serviço devocional ao Senhor. No desempenho deste serviço devocional, como, por exemplo, quando Brahmājī ordenou a Nārada que pregasse o Śrīmad-Bhāgavatam, às vezes o representante do Senhor ocupado no trabalho de pregação encontra aparentes dificuldades. Isso se deu com o Senhor Nityānanda quando Ele salvou as duas almas caídas Jagāi e Mādhāi, e, do mesmo modo, o Senhor Jesus Cristo foi crucificado pelos infiéis. Contudo, os devotos pregadores aceitam com muita alegria essas dificuldades porque a pregação, embora pareça uma atividade muito rigorosa, propicia aos devotos do Senhor um prazer transcendental, visto que o Senhor fica satisfeito. Prahlāda Mahārāja sofreu muito, mas ele jamais se esqueceu dos pés de lótus do Senhor. Isso se dá porque o devoto puro do Senhor está tão purificado em seu coração que não pode deixar o abrigo do Senhor Kṛṣṇa em nenhuma circunstância. Nesse serviço, não há interesse egoísta. O progresso do cultivo de conhecimento por parte dos jñānīs ou da ginástica corpórea dos yogīs acaba sendo abandonado por seus respectivos praticantes, mas o devoto do Senhor não pode deixar de prestar serviço ao Senhor, pois recebeu a ordem de seu mestre espiritual. Devotos puros como Nārada e Nityānanda Prabhu aceitam a ordem de seu mestre espiritual como a razão de suas vidas. Eles não se preocupam em saber qual será o futuro de suas vidas. Eles levam o assunto muito a sério, pois a ordem vem da autoridade superior, do representante do Senhor ou do próprio Senhor.

O exemplo apresentado aqui é muito apropriado. Um viajante sai de casa para buscar fortuna em lugares muito distantes, às vezes na floresta, às vezes no oceano e às vezes no topo das colinas. É certo que o viajante encontra muitos problemas nesses lugares desconhecidos, mas todos esses problemas são logo mitigados quando ele se recorda do seu sentimento de afeição por sua família, e tão logo regressa ao lar, ele se esquece de todos esses problemas da estrada.

O devoto puro do Senhor tem exatamente um vínculo familiar com o Senhor, daí não se abalar no cumprimento de seu dever, no qual existe um completo laço afetivo com o Senhor.

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