VERSO 25
brahmovāca
bhagavan sarva-bhūtānām
adhyakṣo ’vasthito guhām
veda hy apratiruddhena
prajñānena cikīrṣitam
brahmā uvāca — o senhor Brahmā disse; bhagavan — meu Senhor; sarva-bhūtānām — de todas as entidades vivas; adhyakṣaḥ — diretor; avasthitaḥ — situado; guhām — dentro do coração; veda — conheces; hi — decerto; apratiruddhena — sem impedimento; prajnānena — com superinteligência; cikīrṣitam — esforços.
O senhor Brahmā disse: Ó Personalidade de Deus, estás situado no coração de toda entidade viva como o diretor supremo, e, portanto, com Tua inteligência superior, que é livre de qualquer espécie de obstáculos, conheces todos os esforços.
SIGNIFICADO—A Bhagavad-gītā confirma que o Senhor está situado no coração de todos como a testemunha, e, nesse caso, Ele é o supremo permissor. O diretor não é o desfrutador dos frutos da ação, pois, sem a sanção do Senhor, ninguém pode desfrutar. Por exemplo, numa área proibida, um bebedor habitual apresenta seu requerimento ao encarregado da bebida, e o encarregado, considerando seu caso, sanciona apenas uma certa quantidade de bebidas alcoólicas. De modo semelhante, todo o mundo material está cheio de muitos bêbados, no sentido de que toda e cada uma das entidades vivas tem em mente desfrutar de algo, e com muita veemência todos querem satisfazer os seus desejos. O Senhor onipotente, sendo muito bondoso com a entidade viva, assim como o pai é bondoso com o filho, deixa a entidade viva satisfazer seu desejo infantil. Com esses desejos em mente, a entidade viva, na verdade, não goza, mas presta aos caprichos corpóreos um serviço desnecessário e improfícuo. O bêbado não tira proveito algum em beber, mas, porque se tornou um servo da bebida e não deseja abandonar isso, o misericordioso Senhor lhe confere todas as condições favoráveis para satisfazer esses desejos.
Os impersonalistas recomendam que a pessoa deve ficar destituída de desejos, e outros recomendam a completa eliminação dos desejos. Isso é impossível; ninguém pode banir todos os desejos porque desejar é o sintoma da vida. Sem ter desejos, a entidade viva estaria morta, e não é esse o caso. Portanto, estar vivo e ter desejos seguem lado a lado. A perfeição dos desejos pode ser alcançada quando a pessoa deseja servir o Senhor, e o Senhor também deseja que toda entidade viva elimine todos os desejos pessoais e coopere com os desejos dEle. Essa é a última instrução da Bhagavad-gītā. Brahmājī concordou com essa proposta e, por isso, recebeu o posto em que foi responsável pela criação de várias gerações no universo vazio. Unidade com o Senhor, portanto, consiste em tornar compatíveis os próprios desejos e os desejos do Senhor Supremo. Isso constitui a perfeição de todos os desejos.
O Senhor, como a Superalma no coração de todo ser vivo, sabe o que se passa na mente de cada entidade viva, e ninguém pode fazer nada sem o conhecimento do Senhor que está no íntimo. Com Sua inteligência superior, o Senhor proporciona a todos a oportunidade de satisfazer ao máximo os seus desejos, e a reação também é concedida pelo Senhor.