VERSO 29
bhagavac-chikṣitam ahaṁ
karavāṇi hy atandritaḥ
nehamānaḥ prajā-sargaṁ
badhyeyaṁ yad-anugrahāt
bhagavat — pela Personalidade de Deus; śikṣitam — ensinado; aham — eu; karavāṇi — agindo; hi — decerto; atandritaḥ — instrumento; na — nunca; ihamānaḥ — embora agindo; prajā-sargam — geração das entidades vivas; badhyeyam — ficar condicionado; yat — estritamente; anugrahāt — pela misericórdia de.
Por favor, fala-me para que eu possa aprender a temática, sendo instruído pela Personalidade de Deus, e possa agir como um instrumento para gerar entidades vivas sem eu ser condicionado por essas atividades.
SIGNIFICADO—Brahmājī não quer se tornar um especulador que depende da força de seu conhecimento pessoal e está condicionado ao cativeiro material. Todos devem saber de sã consciência que, na execução das atividades, cada qual é um instrumento. Uma alma condicionada é um instrumento nas mãos da energia externa, guṇa-mayī māyā, ou a energia ilusória do Senhor, e, na fase liberada, a entidade viva é um instrumento que segue diretamente a vontade da Personalidade de Deus. Servir de instrumento à vontade direta do Senhor é a posição constitucional natural da entidade viva, ao passo que ser um instrumento nas mãos da energia ilusória do Senhor é cativeiro material para a entidade viva. Neste estado condicionado, a entidade viva especula sobre a Verdade Absoluta e Suas diferentes atividades. Porém, quando deixa de estar condicionada, a entidade viva recebe conhecimento diretamente do Senhor, e essa alma liberada não comete erros, agindo sem nenhum hábito especulativo. A Bhagavad-gītā (10.10-11) confirma, com muita ênfase, que os devotos, cuja ocupação constante é o transcendental serviço amoroso ao Senhor, recebem o conselho diretamente do Senhor, tanto que o devoto não para de progredir no caminho para o lar, de volta ao Supremo. Os devotos puros do Senhor, portanto, não ficam orgulhosos de seu progresso definitivo, ao passo que o especulador que não é devoto está na escuridão da energia ilusória e orgulha-se muitíssimo de seu conhecimento desorientador, baseado em especulações sem nenhum caminho definitivo. O senhor Brahmā queria se livrar da armadilha do orgulho, embora tivesse assumido a posição mais elevada dentro do universo.