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VERSO 45

nāradaḥ prāha munaye
sarasvatyās taṭe nṛpa
dhyāyate brahma paramaṁ
vyāsāyāmita-tejase

nāradaḥ — o grande sábio Nārada; prāha — instruiu; munaye — ao grande sábio; sarasvatyāḥ — do rio Sarasvatī; taṭe — na margem; npa — ó rei; dhyāyate — ao meditativo; brahma — Verdade Absoluta; paramam — o Supremo; vyāsāya — a Śrīla Vyāsadeva; amita — ilimitado; tejase — ao poderoso.

Na sequência, ó rei, o grande sábio Nārada instruiu o Śrīmad-Bhāgavatam ao ilimitadamente poderoso Vyāsadeva, que, na margem do rio Sarasvatī, meditava no serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, a Verdade Absoluta.

SIGNIFICADO—No quinto capítulo do primeiro canto do Śrīmad-Bhāgavatam, Nārada deu ao grande sábio Vyāsadeva a seguinte instrução:

atho mahā-bhāga bhavān amogha-dṛk
śuci-śravāḥ satya-rato dhṛta-vrataḥ
urukramasyākhila-bandha-muktaye
samādhinānusmara tad viceṣṭitam

“Ó filósofo grandemente afortunado e piedoso, teu nome e tua fama são universais, e estás fixo na Verdade Absoluta com caráter imaculado e visão infalível. Peço-te que medites nas atividades da Personalidade de Deus, pois elas não têm paralelo.”

Assim, na sucessão discipular do Brahma-sampradāya, não se negligencia a prática da meditação ióguica. Porém, como são bhakti-yogīs, os devotos não se dão ao trabalho de meditar no Brahman impessoal; como aqui se indica, eles meditam no brahma paramam, ou o Brahman Supremo. A percepção Brahman começa da refulgência impessoal, mas, continuando a progredir nessa meditação, acontece a manifestação da Alma Suprema, a percepção Paramātmā. E, progredindo ainda mais, passa-se a compreender a Suprema Personalidade de Deus. Śrī Nārada Muni, como mestre espiritual de Vyāsadeva, conhecia muito bem a posição de Vyāsadeva, e assim certificou-se de que, com suas qualidades, Śrīla Vyāsadeva, seguindo o grande voto, estaria fixo na Verdade Absoluta etc. A todos, Nārada aconselhou a meditação nas atividades transcendentais do Senhor. O Brahman impessoal não tem atividades, mas a Personalidade de Deus possui muitas atividades, e todas essas atividades são transcendentais, sem nenhum vestígio de qualidades materiais. Se as atividades do Brahman Supremo fossem materiais, então Nārada não teria aconselhado Vyāsadeva a meditar nelas. E o paraṁ brahma é o Senhor Śrī Kṛṣṇa, como se confirma na Bhagavad-gītā. No décimo capítulo da Bhagavad-gītā, quando Arjuna compreendeu a verdadeira posição do Senhor Kṛṣṇa, ele dirigiu ao Senhor Kṛṣṇa as seguintes palavras:

paraṁ brahma paraṁ dhāma
pavitraṁ paramaṁ bhavān
puruṣaṁ śāśvataṁ divyam
ādi-devam ajaṁ vibhum

āhus tvām ṛṣayaḥ sarve
devarṣir nāradas tathā
asito devalo vyāsaḥ
svayaṁ caiva bravīṣi me

Tendo compreendido o Senhor Śrī Kṛṣṇa, Arjuna resumiu o objetivo da Bhagavad-gītā e, então, disse: “Minha querida Personalidade de Deus, és a Suprema Verdade Absoluta, a Pessoa original sob a forma eterna de bem-aventurança e conhecimento, e confirmam isso Nārada, Asita, Devala e Vyāsadeva, e, acima de tudo, Tu mesmo também confirmas isso.” (Bhagavad-gītā 10.12-13)

Ao fixar sua mente em meditação, Vyāsadeva agiu em transe de bhakti-yoga e, na verdade, viu a Pessoa Suprema com māyā, a energia ilusória, em contraposição. Como já discutimos, a māyā do Senhor, ou ilusão, também é uma representação, dado que māyā não tem existência sem o Senhor. A escuridão não é independente da luz. Sem a luz, ninguém poderia experimentar sua contraposição, a escuridão. No entanto, esta māyā, ou ilusão, não pode sobrepujar a Suprema Personalidade de Deus, senão que fica à parte dEle (apāśrayam).

Portanto, a perfeição da meditação é compreender a Personalidade de Deus juntamente com Suas atividades transcendentais. A meditação no Brahman impessoal é uma tarefa incômoda para o meditador, como confirma a Bhagavad-gītā (12.5): kleśo ’dhikataras teṣām avyaktāsakta-cetasām.

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