VERSO 32
athopaspṛśya salilaṁ
prāṇān āyamya vāg-yataḥ
dhyāyañ jajāpa virajaṁ
brahma jyotiḥ sanātanam
atha — em seguida; upaspṛśya — tocando ou tomando banho na água; salilam — água; prāṇān āyamya — praticando o transe; vāk-yataḥ — controlando a fala; dhyāyan — meditando; jajāpa — entoou murmurando; virajam — puros; brahma — hinos Gāyatrī; jyotiḥ — refulgência; sanātanam — eterna.
Em seguida, o brāhmaṇa se banhou na água e controlou sua fala praticando o transe, meditando na refulgência eterna e entoando os sagrados hinos Gāyatrī dentro de sua boca.
SIGNIFICADO—Assim como uma pessoa tem que tomar banho após usar o banheiro, ela tem, de igual modo, que se lavar com água após o intercurso sexual, especialmente quando praticado num momento proibido. Kaśyapa Muni meditou no brahmajyoti impessoal ao entoar o mantra Gāyatrī murmurando. Quando um mantra védico é entoado em murmúrio para que apenas o entoador possa ouvir, o canto chama-se japa. Mas quando tais mantras são cantados em voz alta, isso se chama kīrtana. O hino védico Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa, Kṛṣṇa Kṛṣṇa, Hare Hare/ Hare Rāma, Hare Rāma, Rāma Rāma, Hare Hare pode ser entoado tanto suavemente para si próprio quanto em voz alta, daí se chamar mahā-mantra, ou grande hino.
Kaśyapa Muni parece ser um impersonalista. Comparando seu caráter com o de Ṭhākura Haridāsa, como se referiu acima, fica esclarecido que o personalista é mais forte no controle dos sentidos que o impersonalista. Isso é explicado na Bhagavad-gītā como paraṁ dṛṣṭvā nivartate, isto é, deixamos de aceitar coisas de baixo nível quando nos situamos numa condição superior. Supõe-se que uma pessoa se purifique após se banhar e cantar o Gāyatrī, mas o mahā-mantra é tão poderoso que a pessoa poderá cantá-lo alto ou baixo, sob qualquer condição, e será protegida de todos os males da existência material.