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VERSO 36

sa evaṁ svāntaraṁ ninye
yugānām eka-saptatim
vāsudeva-prasaṅgena
paribhūta-gati-trayaḥ

saḥ — ele (Svāyambhuva Manu); evam — assim; sva-antaram — seu próprio período; ninye — passou; yugānām — dos ciclos de quatro eras; eka-saptatim — setenta e um; vāsudeva — com Vāsudeva; prasaṅgena — pelos tópicos relacionados; paribhūta — transcendeu; gati-trayaḥ — os três destinos.

Ele passou seu tempo, que durou setenta e um ciclos de quatro eras [71 x 4.320.000 anos], sempre pensando em Vāsudeva e sempre ocupado em assuntos relativos a Vāsudeva. Assim, ele transcendeu os três destinos.

SIGNIFICADO—Há três destinos para pessoas que estão sob o controle dos três modos da natureza material. Esses destinos são às vezes descritos como as fases de vigília, sonho e inconsciência. A Bhagavad-gītā descreve os três destinos como os destinos de pessoas nos modos da bondade, paixão e ignorância. Afirma-se na Gītā que quem está no modo da bondade é promovido a melhores condições de vida em planetas superiores, e quem está no modo da paixão permanece neste mundo material sobre a Terra ou em planetas celestiais, mas quem está no modo da ignorância se degrada a uma vida animal em planetas onde a vida é inferior à humana. Contudo, quem é consciente de Kṛṣṇa está acima desses três modos da natureza material. Afirma-se na Bhagavad-gītā que qualquer pessoa que se ocupe em serviço devocional ao Senhor torna-se automaticamente transcendental aos três destinos da natureza material e situa-se na fase brahma-bhūta, ou seja, na fase autorrealizada. Embora Svāyambhuva Manu, o governante deste mundo material, parecesse estar absorto em felicidade material, ele não estava nem no modo da bondade, nem nos modos da paixão ou ignorância, mas, isto sim, na fase transcendental.

Portanto, aquele que se ocupa plenamente em serviço devocional é sempre liberto. Bilvamaṅgala Ṭhākura, grande devoto do Senhor, afirma: “Se eu tiver devoção inabalável aos pés de lótus de Kṛṣṇa, então a Mãe Liberação sempre se ocupará a meu serviço. A total perfeição de gozo material, religião e desenvolvimento econômico estará sob meu comando.” As pessoas andam atrás de dharma, artha, kāma e mokṣa. Geralmente, elas executam atividades religiosas para obter algum ganho material, e se dedicam a atividades materiais visando o gozo dos sentidos. Após ficarem frustradas no gozo material dos sentidos, elas querem libertar-se e tornar-se unas com a Verdade Absoluta. Esses quatro princípios formam o caminho transcendental para os menos inteligentes. Aqueles que são realmente inteligentes ocupam-se em consciência de Kṛṣṇa, não se importando com esses quatro princípios do método transcendental. Eles se elevam de imediato à plataforma transcendental, que está acima da liberação. A liberação não é uma grande conquista para o devoto, isto para não falar dos resultados de funções ritualísticas em religião, desenvolvimento econômico ou da vida materialista de gozo dos sentidos. Os devotos não se interessam por essas coisas. Eles estão sempre situados na plataforma transcendental da fase brahma-bhūta de autorrealização.

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