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VERSO 33

paraṁ pradhānaṁ puruṣaṁ mahāntaṁ
kālaṁ kaviṁ tri-vṛtaṁ loka-pālam
ātmānubhūtyānugata-prapañcaṁ
svacchanda-śaktiṁ kapilaṁ prapadye

param — transcendental; pradhānam — suprema; puruṣam — pessoa; mahāntam — que é a origem do mundo material; kālam — que é o tempo; kavim — plenamente consciente; tri-vṛtam — três modos da natureza material; loka-pālam — que é o mantenedor de todos os universos; ātma — em Si mesmo; anubhūtya — pela potência interna; anugata — dissolvidos; prapañcam — cujas manifestações materiais; sva-chanda — independentemente; śaktim — que é poderoso; kapilam — ao Senhor Kapila; prapadye — eu me rendo.

Rendo-me à Suprema Personalidade de Deus, que desceu sob a forma de Kapila, que é independentemente poderoso e transcendental, que é a Pessoa Suprema e o Senhor da totalidade da matéria e do elemento tempo, que é o plenamente consciente mantenedor de todos os universos sob os três modos da natureza material, e que absorve as manifestações materiais após a dissolução delas.

SIGNIFICADO—As seis opulências – riqueza, força, fama, beleza, conhecimento e renúncia – são aqui indicadas por Kardama Muni, que chama Kapila Muni, seu filho, de param. O termo param é usado no início do Śrīmad-Bhāgavatam, na frase paraṁ satyam, para referir-se ao summum bonum, ou a Suprema Personalidade de Deus. Param é explicado de forma mais elaborada pela palavra seguinte, pradhānam, que significa o principal, a origem, a fonte de tudo – sarva-kāraṇa-kāraṇam – a causa de todas as causas. A Suprema Personalidade de Deus não é amorfa: Ele é puruṣam, ou o desfrutador, a pessoa original. Ele é o elemento tempo e é onisciente. Ele conhece tudo – passado, presente e futuro –, como se confirma na Bhagavad-gītā. O Senhor diz: “Eu conheço tudo – passado, presente e futuro – em todos os cantos do universo.” O mundo material, que gira sob o encanto dos três modos da natureza, também é uma manifestação de Sua energia. Parāsya śaktir vividhaiva śrūyate: Tudo que vemos é uma interação de Suas energias. (Śvetāśvatara Upaniṣad 6.8) Parasya brahmaṇaḥ śaktis tathedam akhilaṁ jagat. Essa é a versão do Viṣṇu Purāṇa. Podemos entender que tudo o que vemos é uma interação dos três modos da natureza material, mas, na verdade, tudo isso é uma interação da energia do Senhor. Loka pālam: Ele é realmente o mantenedor de todas as entidades vivas. Nityo nityānām: Ele é a principal de todas as entidades vivas; Ele é único, mas mantém muitas e muitas entidades vivas. Deus mantém todas as demais entidades vivas, mas ninguém pode manter Deus. Esse é o Seu svacchanda-śakti: Ele não depende dos outros. Pode ser que alguém se julgue independente, mas, de qualquer modo, depende de alguém superior a ele. A Personalidade de Deus, contudo, é absoluta: não há ninguém superior ou igual a Ele.

Kapila Muni apareceu como o filho de Kardama Muni, mas, como Kapila é uma encarnação da Suprema Personalidade de Deus, Kardama Muni ofereceu-Lhe respeitosas reverências com plena rendição. Outra expressão neste verso é muito importante: ātmānubhūtyānugata-prapañcam. O Senhor desce como Kapila ou Rāma, Nṛsiṁha ou Varāha, e quaisquer formas que Ele assuma no mundo material são manifestações de Sua própria energia pessoal interna. Não são, de modo algum, formas da energia material. As entidades vivas comuns que se manifestam neste mundo material têm corpos criados pela energia material, mas, quando Kṛṣṇa, ou qualquer uma de Suas expansões ou partes das expansões, desce a este mundo material, embora Ele pareça ter um corpo material, Seu corpo não é material. Ele sempre tem um corpo transcendental. Porém, os tolos e patifes, chamados mūḍhas, consideram-nO como um deles e, por isso, zombam dEle. Recusam-se a aceitar Kṛṣṇa como a Suprema Personalidade de Deus porque não podem entendê-lO. Na Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa diz que avajānanti māṁ mūḍhāḥ: “Quem é tolo e patife zomba de Mim.” Quando Deus desce com uma forma, isso não significa que Ele assume Sua forma com a ajuda da energia material. Ele manifesta a forma espiritual como Ele existe em Seu reino espiritual.

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