VERSO 7
titikṣaty akramaṁ vainya
upary ākramatām api
bhūtānāṁ karuṇaḥ śaśvad
ārtānāṁ kṣiti-vṛttimān
titikṣati — tolera; akramam — ofensa; vainyaḥ — o filho do rei Vena; upari — em sua cabeça; ākramatām — daqueles que pisam; api — também; bhūtānām — com todas as entidades vivas; karuṇaḥ — muito bondoso; śaśvat — sempre; ārtānām — com os aflitos; kṣiti-vṛtti-mān — aceitando a profissão da Terra.
Este rei Pṛthu será muitíssimo bondoso com todos os cidadãos. Mesmo que um pobre coitado pise na cabeça do rei, violando as regras e regulações, o rei, por sua misericórdia imotivada, será indulgente e magnânimo. Como protetor do mundo, ele será tão tolerante quanto a própria Terra.
SIGNIFICADO—Nesta passagem, compara-se o rei Pṛthu ao planeta Terra no que diz respeito a sua tolerância. Muito embora a Terra seja sempre pisada por homens e animais, ela lhes dá alimento, produzindo cereais, frutas e legumes. Como o rei ideal, Mahārāja Pṛthu é comparado ao planeta Terra, pois, mesmo que alguns cidadãos violassem as regras e regulações do estado, ele seria tolerante e os manteria com frutas e cereais. Em outras palavras, é dever do rei zelar pelo conforto dos cidadãos, mesmo à custa de sua própria conveniência pessoal. Não é isso que acontece, entretanto, em Kali-yuga, pois, em Kali-yuga, os reis e chefes de estado gozam da vida à custa dos impostos cobrados aos cidadãos. Essa tributação injusta faz as pessoas tornarem-se desonestas, e elas tentam esconder sua renda de muitas formas. Posteriormente, o estado não será capaz de cobrar impostos, em consequência do que não será capaz de cobrir suas imensas despesas militares e administrativas. Tudo entrará em colapso e haverá caos e perturbação em todo o estado.