VERSO 50
citiṁ dārumayīṁ citvā
tasyāṁ patyuḥ kalevaram
ādīpya cānumaraṇe
vilapantī mano dadhe
citim — pira funerária; dāru-mayīm — feita de madeira; citvā — tendo empilhado; tasyām — naquela; patyuḥ — do esposo; kalevaram — corpo; ādīpya — após acender; ca — também; anumaraṇe — para morrer junto com ele; vilapantī — lamentando-se; manaḥ — sua mente; dadhe — fixou.
Então, ela preparou uma fogueira com lenha e colocou o cadáver de seu esposo sobre as chamas. Terminada essa tarefa, ela se lamentou amargamente e se preparou para perecer na fogueira junto de seu esposo.
SIGNIFICADO—É uma tradição muito antiga no sistema védico que as esposas fiéis morram juntamente com seus esposos. Isso recebe o nome de saha-maraṇa. Na Índia, esse sistema prevaleceu até a data da ocupação britânica. Naquela época, entretanto, uma esposa que não quisesse morrer com seu esposo, às vezes era forçada por seus parentes a fazê-lo. Outrora, isso não acontecia. A esposa entrava na fogueira voluntariamente. O governo britânico suspendeu essa prática, considerando-a desumana. Contudo, na história da Índia antiga, vemos que, quando Mahārāja Pāṇḍu morreu, ele deixou duas esposas – Mādrī e Kuntī. O problema era se ambas deveriam morrer ou apenas uma delas. Após a morte de Mahārāja Pāṇḍu, suas esposas decidiram que uma deveria permanecer e a outra deveria partir. Mādrī morreu com seu esposo na fogueira, e Kuntī permaneceu para cuidar dos cinco filhos Pāṇḍavas. Mesmo recentemente, em 1936, soubemos de uma devotada esposa que entrou voluntariamente na pira funerária de seu esposo.
Isso indica que a esposa de um devoto deve estar preparada a agir dessa maneira. De modo semelhante, um devotado discípulo do mestre espiritual preferiria morrer com o mestre espiritual do que não conseguir cumprir a missão do mestre espiritual. Assim como a Suprema Personalidade de Deus desce a esta Terra para restabelecer os princípios da religião, do mesmo modo, Seu representante, o mestre espiritual, vem para restabelecer os princípios religiosos. É dever dos discípulos assumirem a missão do mestre espiritual e cumprirem-na apropriadamente. Caso contrário, o discípulo deve preferir morrer com seu mestre espiritual. Em outras palavras, para cumprir a vontade do mestre espiritual, o discípulo deve estar preparado a sacrificar sua vida e abandonar todas as considerações pessoais.