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VERSO 53

api smarasi cātmānam
avijñāta-sakhaṁ sakhe
hitvā māṁ padam anvicchan
bhauma-bhoga-rato gataḥ

api smarasi — acaso te lembras; ca — também; ātmānam — a Superalma; avijñāta desconhecido; sakham — amigo; sakhe — ó amiga; hitvā — abandonando; mām — a Mim; padam — posição; anvicchan — desejando; bhauma material; bhoga — gozo; rataḥ — apegada a; gataḥ — tu ficaste.

O brāhmaṇa continuou: Minha querida amiga, muito embora não possas reconhecer-Me imediatamente, não te lembras de que no passado tiveste um amigo muito íntimo? Infelizmente, abandonaste Minha companhia e aceitaste a posição de desfrutadora deste mundo material.

SIGNIFICADO—Como se afirma na Bhagavad-gītā (7.27):

icchā-dveṣa-samutthena
dvandva-mohena bhārata
sarva-bhūtāni sammohaṁ
sarge yānti parantapa

“Ó descendente de Bharata [Arjuna], ó vencedor do inimigo, todas as entidades vivas nascem iludidas e dominadas pelas dualidades de desejo e ódio.” Essa é uma explicação de como a entidade viva cai neste mundo material. No mundo espiritual, não há dualidade, tampouco há ódio. A Suprema Personalidade de Deus expande-Se em muitos. A fim de gozar de cada vez mais bem-aventurança, o Senhor Supremo expande-Se em diferentes categorias. Como se menciona no Varāha Purāṇa, Ele Se expande em viṣṇu-tattva (a expansão svāṁśa) e em Sua potência marginal (vibhinnāṁśa, ou a entidade viva). São inúmeras as entidades vivas expandidas, assim como as moléculas diminutas de brilho do Sol são inúmeras expansões do Sol. As expansões vibhinnāṁśa, as potências marginais do Senhor, são as entidades vivas. Ao desejarem desfrutar por elas mesmas, as entidades vivas desenvolvem uma consciência de dualidade e chegam a odiar o serviço ao Senhor. Dessa maneira, as entidades vivas caem no mundo material. O Prema-vivarta diz:

kṛṣṇa-bahirmukha hañā bhoga-vāñchā kare
nikaṭa-stha māyā tāre jāpaṭiyā dhare

A posição natural da entidade viva é servir ao Senhor com uma atitude transcendental e amorosa. Quando a entidade viva quer tornar-se o próprio Kṛṣṇa ou imitar Kṛṣṇa, ela cai no mundo material. Uma vez que Kṛṣṇa é o pai supremo, Sua afeição pela entidade viva é eterna. Quando a entidade viva cai no mundo material, o Senhor Supremo, através de Sua expansão svāṁśa (Paramātmā), mantém-Se na companhia da entidade viva. Dessa maneira, a entidade viva poderá algum dia voltar ao lar, voltar ao Supremo.

Abusando de sua independência, a entidade viva cai do serviço ao Senhor e assume uma posição de desfrutador neste mundo material. Ou seja, a entidade viva assume sua posição dentro de um corpo material. Desejando ter uma posição muito elevada, a entidade viva, em vez disso, enreda-se no ciclo de repetidos nascimentos e mortes. Ela escolhe sua posição como ser humano, semideus, gato, cão, árvore etc. Dessa maneira, a entidade viva escolhe um corpo entre as 8.400.000 formas e procura satisfazer-se através de um sem-fim de prazeres materiais. A Superalma, contudo, não gosta que ela faça isso. Consequentemente, a Superalma a instrui a entregar-se à Suprema Personalidade de Deus. O Senhor, então, cuida da entidade viva. Contudo, se a entidade viva estiver contaminada por desejos materiais, ela não poderá entregar-se ao Senhor Supremo. Na Bhagavad-gītā (5.29), o Senhor diz:

bhoktāraṁ yajña-tapasāṁ
sarva-loka-maheśvaram
suhṛdaṁ sarva-bhūtānāṁ
jñātvā māṁ śāntim ṛcchati

“Os sábios, sabendo que Eu sou o propósito último de todos os sacrifícios e austeridades, o Senhor Supremo de todos os planetas e semideuses e o benfeitor e benquerente de todas as entidades vivas, obtêm paz, aliviando-se das dores dos sofrimentos materiais.”

O Senhor Supremo é o amigo supremo de todos, mas ninguém pode aproveitar-se das instruções do amigo supremo enquanto faz seus próprios planos de tornar-se feliz e enreda-se nos modos da natureza material. Quando ocorre a criação, as entidades vivas assumem diferentes formas de acordo com desejos passados. Isso quer dizer que todas as espécies ou formas de vida são criadas simultaneamente. A teoria de Darwin, a qual defende que não existia ser humano no início, mas que os seres humanos evoluíram após muitos e muitos anos, não passa de uma teoria sem sentido. A literatura védica nos ensina que a primeira criatura dentro do universo é o senhor Brahmā. Sendo a personalidade mais inteligente, o senhor Brahmā pôde incumbir-se de criar toda a variedade encontrada neste mundo material.

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