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VERSO 12

paśya prayāntīr abhavānya-yoṣito
 ’py alaṅkṛtāḥ kānta-sakhā varūthaśaḥ
yāsāṁ vrajadbhiḥ śiti-kaṇṭha maṇḍitaṁ
nabho vimānaiḥ kala-haṁsa-pāṇḍubhiḥ

paśya — vê só; prayāntīḥ — indo; abhava — ó nunca-nascido; anya­-yoṣitaḥ — outras mulheres; api — certamente; alaṅkṛtāḥ — enfeitadas; kānta-sakhāḥ — com seus esposos e amigos; varūthaśaḥ — em grande número; yāsām — deles; vrajadbhiḥ — voando; śiti-kaṇṭha — ó pessoa de pescoço azul; maṇḍitam — decorado; nabhaḥ — o céu; vimānaiḥ — com aeroplanos; kala-haṁsa — cisnes; pāṇḍubhiḥ — brancos.

Ó nunca-nascido, ó pessoa de pescoço azul, não somente meus parentes, mas também outras mulheres, vestidas com boas roupas e enfeitadas com adornos, estão indo para lá com seus esposos e amigos. Vê só como suas esquadrilhas de aeroplanos brancos tornaram todo o céu muito belo.

SIGNIFICADO—O senhor Śiva é chamado aqui de abhava, que significa “aquele que nunca nasceu”, embora geralmente ele seja conhecido como bhava, “aquele que nasceu”. Rudra, o senhor Śiva, realmente nasceu de entre os olhos de Brahmā, que é denominado Svayambhū por não ter nascido de nenhum ser humano ou criatura material, senão que nasceu diretamente da flor de lótus que cresce do abdômen de Viṣṇu. Quan­do o senhor Śiva é chamado aqui de abhava, isso pode ser tomado como significando “aquele que nunca sentiu dores materiais”. Satī queria convencer seu esposo, dizendo-lhe que mesmo aqueles que não eram relacionados com seu pai também estavam indo, isto para não falar dela mesma, que estava intimamente relacionada com ele. O senhor Śiva é chamado aqui de a pessoa de pescoço azul. O senhor Śiva bebeu um oceano de veneno e o manteve em sua garganta, não engolindo ou permitindo que ele caísse em seu estômago, e assim seu pescoço tornou-se azul. Desde então, ele tem sido conhecido como nīlakaṇṭha, ou aquele que tem pescoço azul. A razão pela qual o senhor Śiva bebeu um oceano de veneno foi o benefício alheio. Quando o oceano foi batido pelos semideuses e demônios, a centrifu­gação em primeiro lugar produziu o veneno, de modo que, como o oceano venenoso podia vir a afetar outros que não eram tão avança­dos, o senhor Śiva bebeu toda a água do oceano. Em outras pala­vras, ele pôde beber tão grande quantidade de veneno para o benefício alheio, e agora, uma vez que sua esposa estava pessoalmente pedindo-lhe que fosse à casa de seu pai, mesmo que não quisesse dar tal permissão, ele deveria fazê-lo devido à sua grande bondade.

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