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VERSO 61

viraktaś cendriya-ratau
bhakti-yogena bhūyasā
taṁ nirantara-bhāvena
bhajetāddhā vimuktaye

viraktaḥ ca — ordem de vida inteiramente renunciada; indriya-ratau — quanto ao gozo dos sentidos; bhakti-yogena — pelo processo de serviço devocional; bhūyasā — com grande seriedade; tam — a Ele (o Supremo); nirantara — constantemente, vinte e quatro horas por dia; bhāvena — na mais elevada fase de êxtase; bhajeta — deve adorar; addhā — diretamente; vimuktaye — para a liberação.

Quem é sério quanto à liberação deve dedicar-se com afinco ao processo do transcendental serviço amoroso, ocupando-se vinte e quatro horas por dia na fase mais elevada de êxtase, e deve certamente afastar-se de todas as atividades de gozo dos sentidos.

SIGNIFICADO­—Há diferentes fases de perfeição de acordo com os objetivos de diferentes pessoas. De um modo geral, as pessoas são karmīs, pois se ocupam em atividades de gozo dos sentidos. Acima dos karmīs, estão os jñānīs, que procuram libertar-se do enredamento material. Os yogīs são ainda mais avançados porque meditam nos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus. E, acima de todos esses, estão os devotos, que simplesmente se ocupam no transcendental serviço amoroso ao Senhor; eles estão situados seriamente na mais elevada plataforma de êxtase.

Nesta passagem, o conselho dado a Dhruva Mahārāja é que, caso ele não tenha desejo de gozo dos sentidos, deve ocupar-se diretamente em transcendental serviço amoroso ao Senhor. O caminho de apavarga, ou liberação, começa a partir da fase chamada mokṣa. Neste verso, menciona-se especialmente a palavra vimuktaye, “para a liberação”. Se alguém deseja ser feliz neste mundo material, pode aspirar a ir aos diferentes sistemas planetários materiais onde há um padrão superior de gozo dos sentidos, mas o verdadeiro mokṣa, ou liberação, alcança-se sem qualquer desejo semelhante a esse. O Bhakti-rasāmṛta-sindhu explica isso por meio do termo anyābhilāitā-śūnyam, “sem desejo de gozo material dos sentidos”. Para pessoas que ainda estão propensas a desfrutar da vida material em diferentes fases ou em diferentes planetas, não se recomenda a fase de liberação em bhakti-yoga. Somente pessoas inteiramente livres da contaminação do gozo dos sentidos podem executar muito puramente o bhakti-yoga, ou o processo de serviço devocional. As atividades no caminho de apavarga até as fases de dharma, artha e kāma destinam-se ao gozo dos sentidos, mas, quando chega à fase de mokṣa, a liberação impersonalista, o praticante deseja fundir-se na existência do Supremo. Mas isso também é gozo dos sentidos. Contudo, aquele que se eleva acima da fase de liberação torna-se imediatamente um dos associados do Senhor, para prestar-Lhe transcendental serviço amoroso. Chama-se a isso, tecnicamente, de vimukti. Para essa liberação específica vimukti, Nārada Muni recomenda que nos ocupemos diretamente em serviço devocional.

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