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VERSO 17

satyāśiṣo hi bhagavaṁs tava pāda-padmam
āśīs tathānubhajataḥ puruṣārtha-mūrteḥ
apy evam arya bhagavān paripāti dīnān
vāśreva vatsakam anugraha-kātaro ’smān

satya — real; āśiṣaḥ — comparada com outras bênçãos; hi — certamente; bhagavan — meu Senhor; tava — Vossos; pāda-padmam — pés de lótus; āśīḥ — bênção; tathā — dessa maneira; anubhajataḥ — para os devotos; puruṣa-artha — da verdadeira meta da vida; mūrteḥ — a personificação; api — embora; evam — assim; arya — ó Senhor; bhagavān — a Personalidade de Deus; paripāti — mantém; nān — os pobres de coração; vāśrā — uma vaca; iva — como; vatsakam — ao bezerro; anugraha — para conceder misericórdia; kātaraḥ — ansioso; asmān — a mim.

Meu Senhor, ó Senhor Supremo, sois a suprema forma personificada de todas as bênçãos. Portanto, para alguém que se atém a Vosso serviço devocional sem nenhum outro desejo, adorar Vossos pés de lótus é melhor do que se tornar rei e se assenhorear de um reino. Essa é a bênção para quem adora Vossos pés de lótus. Para devotos ignorantes como eu, Vós sois o mantenedor imotivadamente misericordioso, tal qual uma vaca, que cuida do bezerro recém-nascido fornecendo-lhe leite e protegendo-o de quaisquer ataques.

SIGNIFICADO—Dhruva Mahārāja sabia da natureza defeituosa de seu próprio serviço devocional. O serviço devocional puro não tem forma material nem é coberto por especulação mental ou atividades fruitivas. Portanto, o serviço devocional puro é chamado de ahaitukī, imotivado. Dhruva Mahārāja sabia que passara a adorar o Senhor em serviço devocional com uma motivação: obter o reino de seu pai. Um devoto assim adulterado jamais pode ver a Suprema Personalidade de Deus face a face. Em razão disso, ele se sentiu muito grato pela misericórdia imotivada do Senhor. O Senhor é tão misericordioso que não somente satisfaz os desejos de um devoto que seja movido pela ignorância e deseje benefícios materiais, mas também confere a tal devoto toda a proteção, assim como a vaca proporciona leite a um bezerro recém-nascido. A Bhagavad-gītā diz que o Senhor propicia inteligência ao devoto constantemente ocupado para que ele possa aproximar-se do Senhor aos poucos, sem dificuldades. O devoto deve ser muito sincero em seu serviço devocional; então, mesmo que haja muitas coisas erradas da parte do devoto, Kṛṣṇa o orientará e gradualmente o promoverá à mais elevada posição de serviço devocional.

Nesta passagem, Dhruva Mahārāja chama o Senhor de puruṣārtha-mūrti, a meta última da vida. De um modo geral, puruṣārtha é tomado como significando execução de uma classe de princípio religioso, ou adoração a Deus, a fim de obter bênçãos materiais. Orações em troca de bênçãos materiais destinam-se à satisfação dos sentidos. E quando alguém se frustra, não conseguindo satisfazer plenamente seus sentidos apesar de todo o esforço, ele passa a desejar a liberação, ou o libertar-se da existência material. Essas atividades geralmente são chamadas puruṣārtha. Mas, na verdade, a meta última é entender a Suprema Personalidade de Deus. Isso se chama pañcama-puruṣārtha, a meta última da vida. O Senhor Caitanya, portanto, ensina-nos a não pedir bênção alguma (nem riqueza material, nem popularidade, nem boa esposa) à Personalidade Suprema. Devemos simplesmente orar ao Senhor para estarmos constantemente ocupados em Seu transcendental serviço amoroso. Consciente de seu desejo de benefício material, Dhruva Mahārāja queria a proteção do Senhor para não ser desorientado ou desviado do caminho do serviço devocional por esses desejos materiais.

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